Matéria divulgada no sítio eletrônico do jornal O Estado de São Paulo - 12/09/2014
O editorial Um debate abastardado (Estadão de 11 de setembro de 2014) aponta com enorme clarividência a abissal indigência do debate político entre as duas candidatas com maior chance de chegar à Presidência da República no próximo mandato, com ênfase para a questão da autonomia do Banco Central,
O editorial Um debate abastardado (Estadão de 11 de setembro de 2014) aponta com enorme clarividência a abissal indigência do debate político entre as duas candidatas com maior chance de chegar à Presidência da República no próximo mandato, com ênfase para a questão da autonomia do Banco Central,
Para fulanizar um pouco mais a matéria — lembrando que o verbo fulanizar foi empregado no corpo do texto do Estadão para identificar atributo de afirmação de uma das presidenciáveis —, atenho-me inicialmente à candidata situacionista, e usando uma imagem antônima, convém lembrar que tudo que a Sra. Gisele Bundchen toca vira ouro e tudo que o Partido dos Trabalhadores toca vira porcaria insuportável. Justificando de forma inquestionável a severa assertiva sobre aquele partido e citando apenas os tópicos de fatos que permearam a gestão federal nos últimos doze anos de administração petista e potencializados no último mandato: o caso Celso Daniel, o Mensalão, o pré-sal de lama da Petrobrás, a precária infraestrutura brasileira, os índices econômicos, os índices de desempenho educacional, a excrescência do Mais Médicos, a compra de votos com o Bolsa Família, a política fracionária de cotas e muito mais, muito mais mesmo. Isso sem falar no outrora promissor líder sindical, que foi transformado pelo petismo em alguém que despreza a verdade, odeia a liberdade de imprensa, contemporiza com as ditaduras e aumenta despudoradamente o patrimônio da família. Ressalvo que pode ter sido apenas encontro de ocasião, resultado de identificação ideológica, comportamental e ética; e não o citado processo de transformação.
No que concerne à contendora da coligação PSB-Rede Sustentabilidade-et al, há que enfatizar as incertezas que o País enfrentará no caso de sua vitória. Evidentemente, as dimensões geográficas, humanas, econômicas e históricas do Brasil impõem que o Palácio do Planalto seja ocupado por alguém com estatura de estadista e não apenas amadores talentosos e que só se destacam pelo deserto político, estratégico e gerencial plenamente habitado por uma plêiade de políticos e demais líderes com responsabilidade na gestão de nossos destinos, cujo objetivo essencial consiste primacialmente na satisfação de seus interesses individuais. Assim, não basta ser analfabeta aos dezesseis anos e depois ter uma progressão educacional e política exemplar. É preciso muito mais. É preciso ter sido testada nos principais cargos que antecedem o mais elevado de todos — o que certamente não ocorreu.
Em síntese, o Brasil está se candidatando a prosseguir a busca de seu destino por intermédio de lideranças despreparadas e completamente aptas a levar o País à perda do expresso da História e a condenar as atuais e as próximas gerações a amargar o sabor da falta de rumo, da ausência de perspectivas para uma vida mais consentânea com as aspirações ditadas pela razão e pela emoção — aspirações permeadas de metas identificadas com a satisfação das demandas pessoais, com a justiça, com a decência, com a generosidade, com a camaradagem e com a ética, e, para resumir com simplicidade: identificadas com o bem viver!