A matéria Sob rédea curtíssima da
Dra. Tania Zagury (Estadão de 23 de agosto) contém apropriado diagnóstico de
problemas no âmbito da educação brasileira e é uma aula magna para pais,
professores e demais seres sapiens, homens ou mulheres. Entretanto, quando ela
assevera “Não, não precisamos de escolas militarizadas ...”, fica evidenciado o
seu desconhecimento da realidade das escolas militares. Se ela se propusesse a
acompanhar três alunos de escolas militares (eu sugeriria, por exemplo, um
colégio militar, o Instituto Militar de Engenharia e a Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército), há razoável probabilidade de alteração de sua visão, o que não
seria nenhum pecado, pois como Heráclito ensinou: “só a mudança é permanente”.
E assim ela não confundiria
práxis militar — que é o lamentável mas imprescindível preparo e o exercício da
gestão da violência — com a prática das escolas militares, que é inequivocamente
o provimento do melhor ensino possível em qualquer contexto e, em especial, no
âmbito da realidade brasileira.
O acompanhamento de alunos à
guisa de estudo não seria uma atitude inédita. Afinal, a escritora Amanda
Ripley acompanhou três adolescentes americanos que passaram cerca de um ano em
escolas finlandesa, polonesa e sul coreana, respectivamente; entrevistou pais e
professores naqueles países; e a partir daí — conforme relato em seu livro As
crianças mais inteligentes do mundo —, formulou assertivas e transmitiu
ensinamentos desprovidos de preconcepção, que muito engrandecem a excelsa
escritora.
Ademais, a talentosa filósofa
poderia ensinar também que as escolas militares agem no sentido de impedir o
que ela tão bem diagnosticou como as mazelas encampadas por expressiva parcela
de nosso sistema educacional.
Em concordância com a Dra.
Zagury, é curioso enfatizar que desnecessária é a militarização das escolas
brasileiras. Basta que as escolas em geral e, em especial, as do setor público
adotem o que se pode inferir de seu magnífico artigo: seriedade,
responsabilidade, limites, disciplina, autoridade, inexistência de greve,
cumprimento rigoroso das metas colimadas e igualdade de oportunidades; enfim, a
prevalência e a essência intrínseca do regime democrático — paradoxalmente, o
que as escolas militares praticam e a notável filósofa desconhece.