sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Mensagem para um jornalista

No artigo “Generais do governo Bolsonaro revelam o que pensam sobre Chile e Bolívia” do jornalista Marcelo Godoy (Estadão, de 11/11/2019), meu nome é citado, associado com o anticomunismo e com a defesa da adoção de institutos tecnológicos. As referências estão corretas mas demandam contextualização.

Em consequência, enviei para o jornalista a mensagem apresentada a seguir, contendo esclarecimentos que julgo conveniente.
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Prezado senhor,
Valendo-me de modesta trajetória, cujo aspecto mais relevante é a partida de casa aos 7 anos de idade, em direção às sendas do meu destino, gostaria de prestar alguns esclarecimentos motivados pela citação de meu nome no artigo “Generais do governo Bolsonaro revelam o que pensam sobre Chile e Bolívia”, de sua autoria (Estadão, de 11/11/2019).
No que diz respeito ao anticomunismo a mim atribuído, a informação está correta. Complemento asseverando que, em minha ideologia chamada Brasil, é forçoso citar também a oposição ao nazismo. Alinhavo as razões:
-      o comunismo e o nazismo beberam de uma mesma fonte ditatorial: Thomas Hobbes (matemático e filósofo, que no século XVI, a despeito de sua genialidade, contribuiu para o atraso no avanço da matemática; e lançou as bases teóricas e filosóficas para o autoritarismo, a que se opôs seu discípulo John Locke, que por seu turno, lançou as bases do liberalismo) — é irrelevante se o comunismo é de esquerda e o nazismo de direita; um, de cima e o outro, de baixo; um, vermelho e o outro preto; ou um, ignóbil e o outro hediondo;
-      os dois sistemas foram instituídos, conduzidos e afundados por seres humanos doentes incuráveis, com insana sede de tortura e assassinato — Stalin, Hitler, Beria e Goebels, para citar apenas uma amostra;
-      os dois sistemas foram derrotados com a contribuição do povo do Brasil — o nazismo, na Itália, em 1945, com o sacrifício de cerca de 460 brasileiros, no combate aos germânicos; o comunismo, em nosso País, em 1964, com o sacrifício de cerca de 120 brasileiros, no combate a outros brasileiros, portadores da incurável e contagiosa doença.
No atinente à asserção de que defendo a implantação de institutos tecnológicos, eu diria que há necessidade de contextualização. Explico:
-      em minha monografia do curso da ECEME, em 1988, trato dessa questão, atribuindo-lhe a relevância requerida, porém na atual conjuntura, atribuo ênfase à melhoria e ao aperfeiçoamento dos institutos existentes que, se apresentassem desempenho satisfatório (atualmente não apresentam), responderiam por uma parcela expressiva das necessidades brasileiras;
-      como antigo chefe de três institutos da área de Ciência & Tecnologia do Exército (2003 a 2009), posso testemunhar que as equipes de um deles, obtiveram em minha gestão pelo menos 6 artefatos de uso dual (militar e civil) [*] que jamais tinham sido pesquisados, desenvolvidos e produzidos no Hemisfério Sul — esta afirmação pode ser considerada exagerada ou até mesmo falsa, mas é comprovável e absolutamente verdadeira; tendo sido possível pelo esforço e talento de cientistas civis e militares do Centro Tecnológico do Exército, com o apoio de integrantes da UNICAMP, USP e UFRJ (com as quais o CTEx mantinha convênio) e com a participação decisiva de empresas brasileiras, contratadas para a produção dos instrumentos que os engenheiros militares pesquisaram e projetaram;
-      no mundo desenvolvido, os engenheiros, os cientistas e os respectivos institutos tecnológicos são primaciais e fatores insubstituíveis e imprescindíveis de êxito;
-      em consequência, a implantação de novos institutos é desejável, fundamental e imperiosa, mas condicionada à otimização das centenas de institutos existentes e à luz de criteriosa prioridade atribuída aos recursos disponíveis para Ciência & Tecnologia.
Parece razoável mencionar que ao longo de 2018, participei de um grupo exemplar de militares e civis (estes, professores e cientistas da UFG, UNB, USP, UFMG e UFRJ), que trabalharam nas ideias básicas que poderiam contribuir para a formulação de futuros planos de governo, para as áreas de Ciência & Tecnologia e Educação, ao longo da transição decorrente de uma possível vitória eleitoral. Cumpre ressaltar:
-      as ideias básicas e as pessoas do campo da Ciência & Tecnologia foram aproveitadas pelo atual ministro, com a consequente possível contribuição para o êxito daquela pasta;
-      no que concerne à Educação, a laboriosa equipe e as respectivas ideias [**] não foram aproveitadas na primeira gestão do respectivo ministério — as razões são conhecidas e públicas; cabe uma palavra de lamento, porém é inegável a expectativa e a esperança de que o malogro inicial se transforme em vitória na atual gestão da pasta;
-      é inquestionável que o atual governo tem acumulado uma sequência promissora de êxitos (na economia, na infraestrutura, na agricultura, na segurança e nas relações exteriores, para citar apenas os mais relevantes) e a substituição do ministro da Educação indicou com clareza a intenção e a vontade política de acertar e cumprir as promessas de campanha — algo surpreendente e fora dos parâmetros habituais de nossa evolução política.
Por oportuno, assevero que embora cogitado para participar de cargos no governo, em 25 de outubro de 2018, ao constatar que a vitória era inescapável, asseverei a meus amigos que não aceitaria a provável oferta de cargos. A missão estava cumprida. Razões pessoais determinavam minha atitude.

Fugindo talvez à ideia de modéstia, permito-me citar etapas distintas e complementares de minha trajetória profissional:
-      trabalho em construção civil da Força Terrestre, com destaque para a jornada amazônica, tendo trabalhado mais de 150 dias não consecutivos, na gestão de obras civis, pessoalmente, em Palmeira e Estirão do Equador,  às margens do rio Javari, na fronteira com o Peru; nas localidades de Tabatinga, Ipiranga, Japurá, Iauaretê, São Joaquim e Querari, na fronteira com a Colômbia; e em Cucuí, Maturacá e Marco BV-8, na fronteira da Venezuela — com foco em defesa, com o consequente benefício da população amazônica, majoritariamente de baixa renda e de origem indígena;
-      trabalho na condição de professor, ministrando aula em faculdade de Brasília, durante 8 anos, no período noturno — sendo adequado ressaltar que se tratava de faculdade particular, à qual tinham acesso alunos de classe média baixa, que não possuíam nível financeiro para a preparação e ingresso nas universidades públicas;
-      trabalho em pesquisa & desenvolvimento, no Rio de Janeiro, conforme foi mencionado em parágrafo anterior — objetivando tentar reduzir a distância que separa os níveis do Brasil e dos países desenvolvidos, nesse campo do poder; e
-      trabalho no exterior, em missões de curta duração, focalizadas em Ciência & Tecnologia, de interesse da defesa, em 14 países [***], dentre os mais de 50 que tive a oportunidade de visitar; bem como em missão de dois anos no Oriente Médio, na condição de Adido de Defesa junto à Embaixada do Brasil em Teerã-Irã.
Obviamente, que a desnecessária citação de fatos de minha modesta caminhada é feita para amparar a reverência e o respeito que dedico ao trabalho da imprensa — na condição de assinante, na atualidade, do Estadão, Globo, Veja, Folha de São Paulo [****], Correio Braziliense e New York Times —, ao bom jornalismo e à inquestionável necessidade de jornalistas qualificados e comprometidos com a verdade — o que atribuo ser o perfil do autor da citada matéria —, para a prevalência da democracia e de sua meta primacial que é a busca da paz e da harmonia, à luz da liberdade, verdade, coragem e ética (essa meta constitui o logotipo que substitui minha fotografia em um de meus dois blogs).
No atinente ao grosseiro e lamentável papel que alguns órgãos de mídia desempenham — inclusive alguns de que sou assinante, que divulgam matérias nas quais aparecem a falsidade associada com a omissão de fatos relevantes; e a consequente desinformação criminosa — é oportuno mencionar que ainda assim há que se defender a liberdade de imprensa e a necessidade de convivência com a possibilidade nefasta ora caracterizada. É o preço a ser pago pela crença na democracia como  “o pior dos regimes, exceto todos os outros”, conforme asseverou o maior estadista do século XX.

Atenciosamente,
ARS
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NOTAS
[*] Projetos de pesquisa & desenvolvimento do CTEx, no período de 2006 a 2009
Os destaques exitosos pela execução com tecnologia de ponta, com recursos nacionais, por nacionais e com empresas nacionais, concretizados por engenheiros e cientistas do CTEx, são:
-      Radar de defesa antiaérea SABER M60 — Sistema de Acompanhamento de alvos aéreos Baseado em Emissão de Radiofrequência M60;
-      Sistema REMAX —  para tiro automatizado para viatura blindada;
-      Módulo de Telemática Operacional — para transmissão de voz, dados e imagens no campo de batalha;
-      Munição PRPA (Pré-Raiada com Propulsão Adicional);
-      Módulo Portátil de Guerra Eletrônica & MAGE-COM Veicular — para missões de Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica no campo das comunicações; e
-      Simulador SHEFE — Simulador de Voo Para Helicópteros Esquilo e Fennec.

A afirmação de que esses artefatos jamais tinham sido pesquisados, desenvolvidos e produzidos no Hemisfério Sul por nacionais deve ser colocada em perspectiva. A África do Sul tem capacidade de desenvolver radares em seu CSIR (Council for Scientific and Industrial Research), mas não produziu radar de defesa antiaérea com o perfil do radar SABER M60. A Austrália produz alguns dos objetos ora citados, porém com tecnologia britânica ou com empresas de origem britânica implantadas naquele País.

[**] Ideias básicas para Educação
        Dos estudos realizados pela equipe, no período de março a outubro, estão englobadas as seguintes ideias básicas  
-      prioridade absoluta para Educação;
-      valorização de professores;
-      motivação dos alunos;
-      ênfase na educação infantil, educação fundamental e ensino médio;
-      estímulo e fomento da menor unidade de gestão do ensino básico (a direção);
-      aumento de dias-aula-ano, e horas diárias de aula;
-      prevalência do mérito;
-      prática de valores essenciais da nacionalidade;
-      fomento das manifestações culturais e artísticas brasileiras;
-      melhoria e ampliação do ensino técnico profissionalizante;
-      avaliação a aperfeiçoamento dos processos educacionais e da base curricular;
-      avaliação e adequação da bibliografia;
-      estímulo e fomento da prática esportiva;
-      adequação da matriz financeira ensino superior e ensino básico; e
-      eficácia no emprego dos recursos públicos;

[***] Missões no exterior
          À guisa de ilustração, convém citar aquelas realizadas nas seguintes organizações: 
-      Universidade de Urbana-Champaign (Estados Unidos);
-      Instituto Europeu de Telemedicina (França);
-      Universidade de Pequim (China);
-      Centro de Treinamento de Nizhny-Tagil (oeste da Sibéria, Rússia). 

[****] Assinatura de jornal
            Recentemente, a assinatura da Folha de São Paulo foi cancelada porque não foram acolhidas mensagens que, não raro, envio para os jornais que assino.

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