quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Operação Lava Jato

A respeito da matéria Porque a Lava Jato já condenou Lula, de Luis Nassif (Carta Capital, de 19/11/15), em que são analisadas, com sutil condenação, as ações dos procuradores, juízes e delegados da Operações Lava Jato e em que são justificados os ganhos do senhor Lula após sair da Presidência e, com alguma ênfase, é justificada a fortuna do filho do ex-presidente, convém indagar: por que demonizar os investigadores da Lava Jato e cristianizar quem liderou politicamente os maiores escândalos de corrupção da história da Humanidade?
Em Cuba, na Coréia do Norte e na China, a Operação Lava Jato já teria causado a pena de morte para dezenas ou centenas de cidadãos corruptos. Na Europa e nos Estados Unidos, essas dezenas ou centenas já estariam condenadas a dezenas de anos de prisão. Aqui, pela primeira vez — graças às pessoas que o artigo quer demonizar —, alguns já estão presos.

É imperioso reconhecer e exaltar os procuradores, juízes e delegados da Operação Lava Jato, por estarem prestando um extraordinário serviço às futuras gerações de brasileiros, ao fazer algo essencial na democracia — diligenciar para seja cumprida a obrigação de todos seguirem os ditames da lei.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Os militares e a democracia

[Mensagem publicada no Fórum de Leitores do Estadão, versão impressa,  de 17 Nov 2015]

Em curiosa e não despropositada coincidência, o magnífico editorial “Os militares e a democracia”, deste 15 de novembro, contrapõe atitudes e procedimentos militares atuais aos de parcela da classe política e identifica gritantes diferenças entre ambos.
Para ilustrar a solidez institucional --- à qual os militares atualmente se associam ---, no texto, é citada ação em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relativa a malfeitos da campanha da senhora Dilma Roussef.
Para ilustrar a indigência, não sei se pessoal ou institucional, o editorial poderia mencionar a afirmação do presidente do Supremo Tribunal Federal de que é preciso evitar um “golpe institucional” ao se referir paradoxalmente a um procedimento previsto na Constituição e que de certa forma pode estar no alicerce legal do processo em curso no TSE.
A menção ao fato de que “as lideranças civis muito podem aprender com a atitude dos militares” é emblemática e leva à reflexão de quão longe pode o País chegar com militares de primeiro Mundo e personagens políticos de enésimo Mundo. Quem prevalecerá?

Com esse e tantos outros editoriais, o Estadão está cumprindo exemplarmente seu papel. Até quando?

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A essência da democracia

Será que o intelectual Luiz Sérgio Henriques — autor de Lava Jato, partidos e democracia, Estadão de 15 de novembro, e que não hesita em empregar a expressão odiosa “direita” —, se sente envergonhado de explicitar melhor os crimes dos esquerdistas expostos de forma extraordinária pelas operações sintetizadas pela expressão Lava Jato? Se a resposta for afirmativa, seguramente, ele se envergonharia similarmente dos crimes da virtuosa “esquerda” contra os 700.000 menores de idade ucranianos, cometidos pelo esquerdismo  comunista-stalinista, na primeira metade do século passado.
Por que perco meu tempo em fazer essas observações? O Brasil é um país enorme, com uma população compatível com sua geografia e recursos naturais, entretanto está patinando — no sentido institucional, político, jurídico, intelectual, econômico e educacional — durante seus cinco séculos de existência. E por que patina? Vamos distinguir entre a aparência e a essência. Vamos tentar nos subjugar à realidade e à verdade: falta-nos intelectuais, falta-nos estadistas, pois se não faltasse, não haveria, à esquerda e à direita, tanto descaso com procedimentos e atitudes isentos da mentira e corrupção.  Na ausência daqueles, ficamos à deriva, não raro, reproduzindo o que se formulou alhures. Temos até sítio eletrônico que cuida de sábio italiano.
Sou estimulado a me desapegar do humanismo que tanto me agrada, assimilado em minhas origens, na roça, quando recebi de meu pai a informação de que, aos seis anos, teria que sair de casa; de que precisaria chorar, mas não haveria ninguém próximo para me consolar; de que teria que evoluir e aprender quase sozinho a decência e a preocupação com meus contemporâneos. Sou instado a esquecer esse humanismo, lembrando que o pratiquei, em minha vida profissional, cuidando do conforto do ser humano, na construção civil, em metade dela; cuidando de transmitir meu parco conhecimento para alunos em salas de aula, em um quarto dela; e lidando com pesquisa & desenvolvimento para tentar contribuir para a redução de nossa dependência escravizante do exterior, no quarto final. E assim sou levado a constatar que no Brasil faltam traumas — aqueles que elevaram a Grécia, Roma, França, Alemanha, Inglaterra, Rússia, China e Estados Unidos aos patamares globais, propiciadores uma vida melhor para seus cidadãos.
Refletindo sobre tudo isso, constranjo-me em pensar que na democracia que praticamos,  cuja metáfora inequívoca é a Operação Lava Jato, levaremos séculos para atingir um patamar de decência e dignidade nas esferas pública e particular — ou passaremos à decadência antes de atingi-lo. Constranjo-me de pensar que a solução só pode ser encontrada na violência depuradora que elimina os maus, os marginais e aqueles que desprezam a ética e a decência.

Se não houvesse indigência de intelectuais e estadistas, eu não precisaria me indignar e me submeter ao risco de descrer de valores e paradigmas que engrandecem. E poderia me orgulhar mais de meu País e do que, como cidadão comum, anônimo e mediano, considero correto para qualquer agrupamento humano: a justiça, a generosidade e a igualdade de oportunidades, conquistadas prevalentemente em ambiente de fraternidade; em suma, a essência da democracia. Tudo isso em um contexto onde impere a certeza de punição desmotivadora dos candidatos a bandidos ou da neutralização dos insensíveis como aqueles identificados pelos policiais, procuradores e juízes da Lava Jato.

sábado, 14 de novembro de 2015

Golpe institucional

Conforme a matéria “ ‘Investigar não é para amador’, diz Lewandowski em crítica ao Congresso” (blog do Fausto de Macedo — Estadão de 13/11/2015), em palestra realizada em São Paulo, o senhor Ricardo Lewandowki asseverou que não pode haver no Brasil “golpe institucional”.
O que esse senhor Lewandowski está chamando de "golpe institucional"? Seria o impeachment da senhora Dilma Roussef? Quer dizer que o presidente do Supremo Tribunal Federal está chamando de "golpe" um mecanismo previsto na Constituição do Brasil? Dá para acreditar que um sujeito desse é presidente da mais alta corte da Justiça do País? Dá para aceitar que essa é a corte suprema do País?

Dá para acreditar nas instituições brasileiras? Rui Barbosa tinha razão ao asseverar que em face do "poder acumulado nas mãos dos maus o homem chega a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto!".

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Fronteira do insustentável

[Mensagem publicada no Fórum de Leitores do Estadão, versão impressa, de 5/11/2015]


          Irretocável a entrevista do comandante do Exército para o Estadão de hoje, 2 de novembro. Agora, militar precisando falar é um claro indicador de que a situação político-institucional se aproxima da fronteira do insustentável. Está na hora do pessoal com juízo agir.