Será que o intelectual Luiz Sérgio Henriques — autor de Lava
Jato, partidos e democracia, Estadão de 15 de novembro, e que não
hesita em empregar a expressão odiosa “direita” —, se sente envergonhado de
explicitar melhor os crimes dos esquerdistas expostos de forma extraordinária
pelas operações sintetizadas pela expressão Lava Jato? Se a resposta for
afirmativa, seguramente, ele se envergonharia similarmente dos crimes da
virtuosa “esquerda” contra os 700.000 menores de idade ucranianos, cometidos
pelo esquerdismo comunista-stalinista,
na primeira metade do século passado.
Por que perco meu tempo em fazer essas observações? O
Brasil é um país enorme, com uma população compatível com sua geografia e
recursos naturais, entretanto está patinando — no sentido institucional,
político, jurídico, intelectual, econômico e educacional — durante seus cinco
séculos de existência. E por que patina? Vamos distinguir entre a aparência e a
essência. Vamos tentar nos subjugar à realidade e à verdade: falta-nos
intelectuais, falta-nos estadistas, pois se não faltasse, não haveria, à
esquerda e à direita, tanto descaso com procedimentos e atitudes isentos da
mentira e corrupção. Na ausência daqueles,
ficamos à deriva, não raro, reproduzindo o que se formulou alhures. Temos até
sítio eletrônico que cuida de sábio italiano.
Sou estimulado a me desapegar do humanismo que tanto me
agrada, assimilado em minhas origens, na roça, quando recebi de meu pai a
informação de que, aos seis anos, teria que sair de casa; de que precisaria
chorar, mas não haveria ninguém próximo para me consolar; de que teria que evoluir
e aprender quase sozinho a decência e a preocupação com meus contemporâneos. Sou
instado a esquecer esse humanismo, lembrando que o pratiquei, em minha vida
profissional, cuidando do conforto do ser humano, na construção civil, em
metade dela; cuidando de transmitir meu parco conhecimento para alunos em salas
de aula, em um quarto dela; e lidando com pesquisa & desenvolvimento para
tentar contribuir para a redução de nossa dependência escravizante do exterior,
no quarto final. E assim sou levado a constatar que no Brasil faltam traumas —
aqueles que elevaram a Grécia, Roma, França, Alemanha, Inglaterra, Rússia,
China e Estados Unidos aos patamares globais, propiciadores uma vida melhor para
seus cidadãos.
Refletindo sobre tudo isso, constranjo-me em pensar que na
democracia que praticamos, cuja metáfora
inequívoca é a Operação Lava Jato, levaremos séculos para atingir um patamar de
decência e dignidade nas esferas pública e particular — ou passaremos à
decadência antes de atingi-lo. Constranjo-me de pensar que a solução só pode
ser encontrada na violência depuradora que elimina os maus, os marginais e aqueles
que desprezam a ética e a decência.
Se não houvesse indigência de intelectuais e estadistas,
eu não precisaria me indignar e me submeter ao risco de descrer de valores e
paradigmas que engrandecem. E poderia me orgulhar mais de meu País e do que, como
cidadão comum, anônimo e mediano, considero correto para qualquer
agrupamento humano: a justiça, a generosidade e a igualdade de oportunidades,
conquistadas prevalentemente em ambiente de fraternidade; em suma, a essência da democracia. Tudo isso em um
contexto onde impere a certeza de punição desmotivadora dos candidatos a bandidos
ou da neutralização dos insensíveis como aqueles identificados pelos policiais,
procuradores e juízes da Lava Jato.
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