[Mensagem acolhida pelo
jornal O Estado de São Paulo e
divulgada em seu Fórum de Leitores, versão eletrônica, de 21/04/2016]
No artigo “A heroína de ocasião
e o farsante de estimação” (“Estadão”, 20/4, A2), o senhor José Nêumanne aponta
com lucidez e sólida argumentação as contradições da atual conjuntura nacional,
associadas com as tentativas da senhora Dilma Vana Rousseff de se salvar no
processo de impeachment.
De passagem, o colunista se
coloca contra o regime militar de 1964, o que é absolutamente compreensível,
especialmente se considerarmos que militares não são formados para exercer a
gestão governamental, não importando se, historicamente, as elites civis tenham
sido absolutamente ineptas naquilo que deveriam ser as referências da
sociedade.
É paradoxal notar que os
militares agiram em oposição aos brasileiros que queriam implantar no Brasil
uma ditadura similar aos regimes hediondos citados pelo senhor Nêumanne. Entre
os que queriam substituir o regime militar por ditadura hedionda inclui-se a
senhora Rousseff, conforme atesta o notável poeta. É também paradoxal ressaltar
que os militares ajudaram a varrer do planeta o nazismo.
Entretanto, comparar o regime
militar brasileiro ao nazismo de Hitler depõe contra a estatura intelectual do
articulista. E falta de coragem intelectual é covardia ética e moral –
faculdade essencial de Pol Pot, Hitler, Stalin “et caterva”.
Por último e igualmente
importante, no exercício do poder os militares cometeram erros – as
consequências dos acertos dependem da isenção do julgamento. Similarmente, no
exercício do poder jornalístico, poético e de escritor, o senhor Nêumanne está
cometendo erro.
Quem está no poder se considera
inatingível e infenso a erro. O poder tem essa contradição.
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