Considerando a suspensão, neste início de maio de 2016, do
senhor Eduardo Cunha do exercício do mandato de Deputado Federal, bem como do
cargo de Presidente da Câmara de Deputados, pelo egrégio Supremo Tribunal
Federal, um macaco refletindo com seus botões, formulou três magníficas pérolas.
O juiz Sérgio Moro é motivador e líder da Operação
Lava-Jato, que envolve, além da Justiça Federal do Paraná, o Ministério Público
Federal e a Polícia Federal. Essa Operação tem logrado êxito no desbaratamento
da rede de corrupção formada por políticos, empresários e funcionários da
Petrobras. A recorrente eficácia do doutor Moro forçou uma
demonstração de presteza e contundência na atividade dos magistrados supremos.
Constata-se que essa inovadora vontade de agir elimina o acinte à cidadania e
traz consequências benéficas que ultrapassam a fronteira da previsibilidade.
Tendo em vista que alguns dias antes, houve por aquela
colenda Corte, a aprovação do rito do processo de impeachment da senhora Dilma
Roussef, em relação ao cargo de presidente da República — o que certamente
acarretará a queda dessa venerável senhora —, os magistrados supremos
implementaram a lógica do dominó na política brasileira. Qual será a próxima
pedra a tombar? O vice-presidente da Câmara, no exercício da Presidência,
acusado no âmbito justiça federal por corrupção; o presidente do Senado Federal
que já tem nove processos na justiça federal, pela mesma razão? Bem, mas daí
resulta um enorme problema: quem restará na cadeia da sucessão presidencial? O Jean
Willys, deputado que cuspiu no outro em plenário; o Tiririca, humorista que
brincou de candidatar-se ao Parlamento e foi eleito com votação estrondosa; ou
o Valdir Maranhão, que no exercício da Presidência da Câmara — afora voltar
atrás, com frequência, por conta de decisões absurdas — não consegue presidir
qualquer sessão daquela egrégia casa legislativa?
É imperioso recordar o que disse um líder jovem, conforme relato de um magistrado supremo em
seu voto pela suspensão do mandato do senhor Cunha: “eu não quero esse Brasil;
eu quero um Brasil novo!”.
Deixando de lado as reflexões babuínas, fica a expectativa
e a esperança de que é possível construir esse Brasil novo. É possível sonhar
com um Brasil onde prevaleça a decência, a ética e a solidariedade; onde a
virtude seja a norma e a vileza seja a exceção, devidamente avaliada e
reprimida.
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