[Mensagem acolhida pelo jornal O
Estado de São Paulo e divulgada em seu Fórum de Leitores, versão eletrônica,
em 1º./10/2016]
Com relação ao acordo entre o governo da Colômbia e os guerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que encerrou um conflito de mais de quarenta anos e que deixou cerca de 220.000 mortos, é imperioso apresentar o testemunho que se segue.
Em
1999, quando trabalhava em Teerã-Irã, na condição de Adido de Defesa, ouvi do diplomata Ramiro, embaixador da
Colômbia naquele país, o seguinte
comentário:
“Vocês tiveram um foco de guerrilha em Chambioá, na Amazônia. À custa de cerca de 100 mortos, vocês destruíram o movimento insurgente. Na Colômbia, recusamo-nos a agir de forma similar. Passadas quase três décadas, já contabilizamos mais de 100.000 mortos nos combates com os guerrilheiros, ou seja, para cada brasileiro morto, 1000 colombianos foram sacrificados. Do ponto de vista individual, uma ou mil perdas são a mesma coisa; do prisma coletivo, de uma visão estratégica, uma estupidez não tem expressão se comparada com mil atitudes estúpidas.”
E concluiu nostálgica e tristemente:
“Os soldados brasileiros devem ser parabenizados pelo que evitaram”.
“Vocês tiveram um foco de guerrilha em Chambioá, na Amazônia. À custa de cerca de 100 mortos, vocês destruíram o movimento insurgente. Na Colômbia, recusamo-nos a agir de forma similar. Passadas quase três décadas, já contabilizamos mais de 100.000 mortos nos combates com os guerrilheiros, ou seja, para cada brasileiro morto, 1000 colombianos foram sacrificados. Do ponto de vista individual, uma ou mil perdas são a mesma coisa; do prisma coletivo, de uma visão estratégica, uma estupidez não tem expressão se comparada com mil atitudes estúpidas.”
E concluiu nostálgica e tristemente:
“Os soldados brasileiros devem ser parabenizados pelo que evitaram”.
Os
cidadãos e os intelectuais engajados na esquizofrenia petista-comunista e os
demais brasileiros que lhes sufragam com apoio e admiração odiariam ouvir esse
testemunho. Primeiro, pela jamais admitida derrota nas tentativas de
estabelecimento de conflito guerrilheiro no Brasil e a consequente conquista do
poder pelas armas, mas também pela absoluta impossibilidade de se livrar da verdade que o testemunho contém.
Evidentemente, que os canalhopatas continuarão
trabalhando com sofreguidão para desmerecer o que brasileiros de boa fé,
especialmente os militares, empreenderam para livrar o Brasil do regime que
fracassou em todos os quadrantes da terra. Por uma questão de decência, verdade
e ética, que fique muito claro: os excessos existiram e se enquadram na
impossibilidade de o ser humano concretizar suas obras no patamar da perfeição.
Entre os excessos brasileiros daquele período e a
prática habitual de comunistas e nazistas — sem qualquer hesitação — não há
comparação, não há semelhança, se vistos com juízo honesto. A justificativa é
simples: 600.000 menores de idade foram sacrificados pelos nazistas na Alemanha
nas décadas de 1930 e 1940; e 700.000 menores de idade foram sacrificados na
Ucrânia pelos comunistas no mesmo período (em ambos os casos, a citação
refere-se a 10% dos cidadãos mortos em circunstâncias específicas pelos
respectivos regimes). Quanto a esses dados, não raro, falta coragem intelectual
e moral para divulgá-los, especialmente para a juventude.
De qualquer sorte, a transformação do Brasil num país
com igualdade de oportunidade e com a prevalência da justiça, ética e demais
virtudes da cidadania requer a análise atenta dos ensinamentos históricos, sem
preconcepção no que diz respeito a acertos e erros do passado.