[Mensagem acolhida pelo jornal O Estado de
São Paulo e divulgada em seu Fórum de Leitores, versão eletrônica, de 27/09/2016]
O
editorial A Lava Jato fica e a tigrada passa (Estadão, de hoje, 24 de
setembro) menciona “a alegria e orgulho
dos brasileiros honestos”, no bojo de excelsa avaliação da marcha saneadora
desencadeada pelos organismos democráticos contra a corrupção oficial. E
encerra com otimismo pela possível permanência do processo para livrar o
aparelho estatal de suas enfermidades institucionais. É oportuno solidarizar
com as ideias contidas naquele texto.
No
livro Trópicos utópicos, mercê de uma minimalista e cirúrgica análise
do pensamento ocidental e mundial, Eduardo Giannetti cogita de uma civilização
brasileira baseada “na
biodiversidade da nossa geografia e a na sociodiversidade da nossa história”.
Ele conquistou o mérito de pensar o Brasil, mas tudo indica que optou por ignorar
o varejo atual: o que líderes da maioria dos partidos políticos estão
aprontando nos recônditos do metabolismo sócio-político e econômico ancorado em
Brasília. Não há diversidade. O padrão comportamental é similar, em uma parcela
expressiva da extrema esquerda à extrema direita — se é que podemos caracterizar
dessa forma esses canalhas da falsa representação popular nos poderes da
República.
Há
esperança? Claro! Assim, para começar, os bandidos, os corruptos e os desonestos
de quaisquer longitude e latitude devem ser perseguidos pela justiça, pelo
sistema democrático, e pelos que prezam a decência, a moral e a ética — enfim, por
todo o aparato do Estado, com a finalidade precípua de proteger os cidadãos que
conformam a sociedade e a Nação brasileiras.
Essa
atitude e aspiração têm fundamento não apenas nos enormes prejuízos causados ao
País, mas também no fato de que os políticos corruptos não se importam nem
mesmo com a desmoralização de suas próprias famílias. De forma inequívoca,
constata-se que eles envolvem despudoradamente esposas, filhos e filhas no mar
de lama em que não hesitam em chafurdar. Não há limite para a ação criminosa
desses líderes.
Nesse
sentido, avante Polícia Federal, Ministério Público da União, Receita
Federal e Justiça Federal. E sejam
implacáveis com a corja que dominou as altas esferas governamentais da
República; sejam implacáveis com todos que zombam, desrespeitam, desmoralizam o
bom senso, a lógica, a razão, a justiça e a emoção das pessoas de boa fé.
Do
êxito da ação institucional em curso, poderá prevalecer — em oposição ao histórico
e duradouro varejo — a diversidade histórica que o sr. Giannetti está propondo
como fundamento de rumos próprios para o Brasil. Imagino que a visão que seu
talento explicita não é apenas uma brincadeira utópica de uma mente grandiosa:
é um sonho a perseguir, durante todo o tempo, em todos os lugares e por todos
os cidadãos; com coragem, pertinácia e comprometimento.
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