quarta-feira, 25 de abril de 2018

Do porrete ao Facebook

"O lavrador diligente conhece

o caminho do arado."
Estamos vivendo a era da tecnologia, da informação e do conhecimento; impulsionados obviamente pela educação, pela cultura e pela ciência & tecnologia. Poder-se-ia identificar o primeiro passo tecnológico do ser humano. Ele foi dado no momento em que, adquirindo a consciência da lógica e da razão, tendo já conquistado a condição de bípede, o ser ampliou a humanização ao descobrir o porrete. Não exatamente o porrete, mas a faculdade de utilizar o porrete para afastar seu oponente, para lutar pela alimentação, para conquistar seu espaço vital.
As conquistas prosseguiram, lentas e impactantes, ampliando-se cada vez mais e agregando capacidade de transformação. Outro marco fundamental nessa sucessão inexorável de eventos essenciais foi a descoberta do arco e flecha. Enfim, não seria difícil alinhavar os 100 marcos fundamentais da evolução humana — um modismo que atinge as áreas da literatura, da pintura, do cinema e de várias outras atividades do animal pensador. Afora entediante, essa tarefa não agregaria valor a estas notas. Basta dar um enorme salto e mencionar mais dois entre tantos outros marcos —  a invenção da pólvora, pelos chineses, provavelmente, antes do século VI d. C. (sendo seu uso militar, iniciado no século X, pelos chineses e posteriormente, espalhado para o Japão e para a Europa); e a invenção do transistor (transfer resistor), em 1947, pelos americanos Shockley, Bardeen e Brattain.
Com a disponibilidade desse minúsculo hardware, ora condutor ora inibidor de energia, a eletrônica possibilitou então uma completa revolução das práticas humanas, com relevo surpreendente e essencial das comunicações. O Facebook é um resultado emblemático dessa extraordinária evolução. A força da plataforma Facebook na possibilidade de caracterização e exposição de vontades, decisões e ações humanas é grandiosa, notadamente porque, na atualidade, atinge algo próximo de dois bilhões de indivíduos. O empoderamento do veículo e das pessoas que o operam chegou a um patamar que passou a exigir mecanismos de controle antes impensáveis.
Por pressão da mídia, dos políticos e dos cidadãos, Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, se viu pressionado a tal ponto que não conseguiu impedir a proposição de mecanismos, que além de funcionarem como controlador da transmissão de dados, operem como inibidores daquilo que contribui para gestar a desarmonia pessoal ou institucional. Nesse sentido, centenas de propostas, reunidas em uma única regulamentação, buscam livrar o ser humano dos aspectos negativos, com potencial para prejudicar em lugar de beneficiá-lo.
Uma das medidas ora propostas é bizarra e risível. A partir de agora, não é mais possível expor através do Facebook a região glútea, inserida na imagem humana da forma como a natureza a concebeu e produziu, isto é, completamente desnuda. Se a imagem dessa região for desconectada de seu posicionamento natural e for agregada a outra parte do corpo humano ou a outro ambiente que não seja a localização natural, aí ela pode ser apresentada no Facebook.
Não raro, há usuários que desconhecem o significado de região glútea. Então, é forçoso explicar com clareza o que a expressão significa. Região glútea é a porção dupla do corpo humano, situada na região média de seu perfil vertical e que pode ter a forma aproximadamente esférica, elíptica ou até mesmo meio parabólica; podendo ter ou não simetria em relação ao eixo central do corpo. A forma popular ou vulgar é evitada nos textos elaborados em linguagem oficial. Uma indagação curiosa é como os estrangeiros  — desobrigados da correção vernacular e de preocupações com a norma culta ao se comunicarem em português — expressá-la-iam. O alemão diria bünden; o americano, boondah; o francês, bindá; o polonês, bundovitch; o russo, bundovsky; e assim por diante.

Escrevendo-se o que foi escrito, requer-se que o texto seja encerrado. E que o seja! O genial Zuckerberg tem andado em apuros para enfrentar as pressões, sobretudo políticas, sobre o Facebook; especialmente, as oriundas dos poderes de repúblicas a quem a liberdade conferida pelas redes de interações incomoda, desafia e intimida. Independentemente das mazelas do criador do Facebook, a educação e a ciência & tecnologia, cuja gênese remonta ao início da utilização do porrete, precisam ser elevadas à prioridade estratégica fundamental do povo brasileiro.  Com a palavra os candidatos à presidência da República em outubro de 2018 — que eles expressem visão e compromisso com essa ideia transformadora. Depois, é imprescindível que o eleito aja como estadista, tenha a percepção requerida e a transforme em decisão, concepção e ação.

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