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Pierre Clostermann [*] nasceu no
Brasil, fez pilotagem no Aeroclube do
Rio de Janeiro aos 16 anos e se tornou, aos vinte e quatro anos, o maior herói
daquela Força Aérea na Segunda Guerra Mundial. No livro Le Grande Cirque 2000, faz uma severa crítica a Saint-Exupéry.
A referência a Saint-Exupéry está na introdução do livro citado e, numa
tradução livre e meio irresponsável, é a seguinte:
“Em uma carta a André Gide,
Saint-Exupéry dá uma triste e depreciativa definição de coragem: ‘Um pouco
de raiva, um pouco de vaidade, um prazer esportivo vulgar ...’. Eu quero muito concordar com a raiva
porque eu a conheço, mas a vaidade? Terá sido por vaidade que Saint-Exupéry tentou
compartilhar nossa luta pilotando um P-38 com três anos de atraso e depois de,
porta-voz inconsciente do Governo de Vichy, ter explicado aos Estados Unidos
que a França deveria se redimir e a Roosevelt que De Gaulle seria um segundo
Hitler! Prazer esportivo vulgar? Então prossigamos! Prazer esportivo vulgar, quando
há na extrema trajetória do medo, a morte e a nobreza de um sacrifício
livremente praticado? Prazer esportivo vulgar para os pilotos argentinos nas
Malvinas, caindo a 600 nós no meio da frota inglesa? Prazer esportivo vulgar? O
que significam essas palavras para os pilotos camicases japoneses de vinte anos
que viviam sua noite de jardim das oliveiras sabendo que o sol que se pôs no
horizonte iluminara seu último dia? Palavras da parte de um excepcional
escritor, ou auto-justificação? Que viva
a eternidade em paz, ele pagou o preço devido.”
Saint-Exupéry adquiriu fama
mundial com seus livros, dentre os quais o mais célebre é O pequeno príncipe. Por outro lado, conquanto
herói francês, Clostermann é pouco conhecido, mas a versão que apresenta em seu livro dá o que pensar. Afinal, trata-se de escritor de 11 livros, empresário bem
sucedido e deputado da Assembleia Nacional, tendo sido reeleito sete vezes.
a Por oportuno, é imperioso indagar se a produção intelectual — científica, artística, literária, como por exemplo a do Saint-Exupéry — está desgarrada da conduta ética? Vale a expressão: “odeio esse caboclo, mas adoro sua obra!”, como asseverara Godard, em referência ao apoio de John Wayne aos republicanos americanos e ao magistral desempenho do ator no filme Rastros de ódio?
a Por oportuno, é imperioso indagar se a produção intelectual — científica, artística, literária, como por exemplo a do Saint-Exupéry — está desgarrada da conduta ética? Vale a expressão: “odeio esse caboclo, mas adoro sua obra!”, como asseverara Godard, em referência ao apoio de John Wayne aos republicanos americanos e ao magistral desempenho do ator no filme Rastros de ódio?
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