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A revista do Correio Braziliense, de 31/Mai/2019, publicou a crônica "Guerra em quadrinhos", de Paulo Pestana, com a apologia dos brasileiros que perderam a vida na Europa em 1945, em defesa dos ideais do povo brasileiro.
Em sua análise, o escritor aponta as obras que celebram e homenageiam a epopeia da FEB e anuncia o lançamento futuro de compilação do coronel Athos Eichler Cardoso, "que reuniu todas as publicações em quadrinhos lançadas pelo Suplemento Juvenil e Globo Juvenil, que participaram do esforço de guerra."
Ao ler o texto de Pestana, lembrei-me do Tenente Coronel Nestor, ex-combatente da FEB, pai de um amigo, colega de turma da AMAN. Aproveito a oportunidade, para mais uma vez homenagear, também, esse herói.
O então sargento Nestor participou da batalha de Montese, em 1945. Quando seu pelotão entrou na cidade, uma parcela do efetivo — incluindo o oficial comandante da fração — sacrificou a vida naquela crucial batalha. O sargento Nestor assumiu o comando e manteve a posição sob fogo inimigo intenso. À meia-noite, com a posição já consolidada, o General Mascarenhas de Morais telefonou-lhe dando a notícia de que fora promovido a Tenente por bravura — bravura dos gênios da raça, acrescento.
Está vivo e forte, em seus 104 anos gloriosamente vividos. Há três anos, coube-me a honra de dirigir as palavras de homenagem para ele, na reunião mensal, em Brasília, da turma Marechal Mascarenhas de Morais, a que eu e seu filho, o Cel Nestor, pertencemos. Em meu modesto relato, há pequenas coincidências, relacionadas com a relevância dos bravos, dos que são inexcedível exemplo e eterna referência.
Naquela ocasião, falei com emoção! Com a mesma emoção, recordo o que é inesquecível, estimulado pela oportuna crônica do Paulo Pestana.
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Guerra em quadrinhos
Paulo Pestana – Correio Braziliense, 31/Mai/2019
A memória brasileira é cheia de buracos. Há alguns dias, a Câmara dos Deputados fez uma homenagem aos Dia da Vitória aos veteranos de guerra do Brasil, os pracinhas. Foi uma sessão vazia; os nobres deputados deviam ter muito o que fazer para perder tempo homenageando três heróis de verdade.
É MAIS UMA história que o Brasil tenta ignorar, que foi sendo apagada com o tempo, desde que a população carioca recebeu os combatentes com uma festa emocionante.
Mais de 460 brasileiros perderam a vida na Europa (chegam a quase 2000 se contados os que morreram em navios torpedeados); os atos de bravura são reconhecidos pelos aliados, os próprios italianos comemoram o Dia da Vitória cantando a Canção do Expedicionário.
A iconoclastia brasileira buscou reduzir a importância dos pracinhas na guerra — notadamente o livro As duas faces da glória, de William Waack, com informações desmentidas pelos fatos e que hoje serve apenas como curiosidade, trazendo uma história triste e parcial.
“Mais de 460 brasileiros perderam a vida na Europa (chegam a quase 2000 se contados os que morreram em navios torpedeados)’os atos de bravura são reconhecidos pelos aliados, os próprios italianos comemoram o Dia da Vitória cantando a Canção do Expedicionário”.
Ainda bem que há resistência. Na sessão da Câmara, de surpresa, o jornalista Alexandre Garcia deu um depoimento emocionado que devia ser reproduzido em todo canto. Citou um fato desconhecido da maioria, a recente descoberta de mais um corpo de soldado brasileiro em terras italianas, que seria a 446ª vítima.
Há também livros, desde o seminal registro A luta dos pracinhas, de Joel Silveira e Thassilo Mitke, a 1942: O Brasil e sua guerra quase desconhecida, de João Barone — que ganhou edição ampliada — e a Nossa segunda guerra, de Ricardo Bonalume Neto, de rigorosa pesquisa.
Mas há muitas outras maneiras de se contar essa história, e uma novidade está sendo preparada aqui em Brasília por Athos Eichler Cardoso, que reuniu todas a publicações em quadrinhos lançadas pelo Suplemento Juvenil e Globo Juvenil, que participaram do esforço de guerra. Tudo será publicado em livro.
O Suplemento Juvenil (inicialmente batizado de Suplemento Infantil), criado por Adolfo Aizen, foi o pioneiro a publicar quadrinhos de forma regular, logo seguido pelos concorrentes. Athos coletou todo o material relacionado com a guerra e publicado durante o conflito em acervos de colecionadores; está em fase de edição.
Não é a primeira vez que ele enfrenta uma empreitada como esta. Em 2002, o coronel Athos conseguiu publicar o livro As aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora,com reprodução integral dos primeiros quadrinhos produzidos no Brasil, por Angelo Agostini, entre 1869 e 1883, e recuperou o protagonismo brasileiro na narrativa gráfica.
Nhô-Quim era um simplório brasileiro obrigado a conviver na corte, um antecessor de Mazzaropi que, no restaurante, sem entender o cardápio cheio de palavras estrangeiras, só consegue tomar sopa.
E Zé Caipora pode ser considerado o primeiro herói aventuresco publicado em forma gráfica — os 75 capítulos de suas aventuras foram reunidos no livro. Trapalhão e algo azarado, enfrenta o perigo das selvas brasileiras, é quase morto a flechadas, vence uma jiboia no braço, é salvo de um ataque de onça pelas índias, mas acaba na cadeia da cidade ... a história não termina. E agora Athos vai à guerra.
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Acolhemos com alegria a palavra de reconhecimento aos feitos da FEB. Nosso herói Nestor da Silva muito enobrece as fileiras dos vivos bravos heróis na Itália.
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