Em matérias divulgadas pelos jornais O Globo e Estadão, o senhor Fernando Henrique Cardoso — como já o fizera em
outras ocasiões — assevera que a senhora Dilma Roussef é uma pessoa honrada.
Eu gostaria de aprender com o professor
doutor como uma pessoa que inclui em seu currículo títulos de mestrado e
doutorado que não concluiu, aprova compra de refinaria com enormes
prejuízos para a sociedade e usa a mentira para se reeleger presidente pode
ser considerada honrada [*].
Em que academia ou universidade de ética
essa lição foi ministrada? E que tipo de intelecto foi capaz de considerá-la
crível e de assimilá-la?
A pergunta resultante é emblemática: que
políticos brasileiros devemos considerar referência? Aliás, conviria refletir e
identificar os três maiores líderes brasileiros de todos os tempos ou, para
simplificar, os três maiores líderes brasileiros vivos.
Pode-se começar com o estabelecimento de
critérios para essa identificação. Os primeiros seriam: ter reputação ilibada,
constituindo-se em exemplo de ética, de decência e de justiça; ter transmitido
para a posteridade conhecimento, experiência e qualificação gerencial e
política; e ser responsável pela transformação do país.
À guisa de provocação, convém citar dois
nomes: Caxias e Rio Branco. O primeiro por contribuir de forma decisiva — com
sua liderança, visão estratégica e ação militar e política — para que o Brasil
não se fracionasse como ocorrera com a América do Sul de língua espanhola. E o
segundo pelo sucesso na atuação diplomática que institucionalizou o Estado
brasileiro herdado das ações de Caxias, com acordos com vários países
fronteiriços, reduzindo expressivamente possíveis conflitos reais e potenciais.
O debate sobre as questões ora apontadas
deveria ser incluído na agenda nacional. Assim, poderíamos melhorar o senso de
avaliação e deixar de aceitar assertivas sobre honestidade, honra, qualificação
política e liderança que não atendam ao que determina a razão, a lógica, o bom
senso e a ética.
[*] Foram citados três desatinos de quem ocupa o mais alto cargo da Nação, mas isso é muito pouco. A propósito, consulte-se o artigo “A falsidade como meio de vida”, de
José Nêumane (Estadão de 21 de outubro), em que são apontadas 5 inequívocas
falsidades da senhora Dilma Roussef, quais sejam:
ü a inclusão no currículo dos títulos de mestrado e doutorado (Nêumane
asseverou que ela foi pilhada em ‘flagrante
delito’);
ü a auto-atribuição da condição de heroína da democracia ao participar de
grupo armado de extrema esquerda (Nêumane considerou essa divulgação uma ‘mentira desprezível’);
ü as promessas realizadas por ocasião da campanha eleitora de 2014
(Nêumane caracterizou-as como uma ‘compulsão
doentia à mentira’);
ü as promessas para a área de Educação com o jargão Pátria Educadora
(Nêumane chamou esse jargão de ‘Pátria
Enganadora’);
ü a afirmação de que seu governo não está envolvido em nenhum escândalo de
corrupção (Nêumane interpretou essa asserção como um ‘delírio de falsidade e má-fé’); e
ü a assertiva da presidente de que “depô-la é golpe” (Nêumane considerou
essa opinião uma ‘alucinação obsessiva de
nossa Rainha de Copas falsária …’).
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