A divulgação no Fórum de Leitores do jornal Estadão da
mensagem com o título “Biografia corrida” — que se encontra neste blog com a
data de 14/Out/2015 — gerou uma mensagem pessoal do cidadão P. F. M. contestando-me e
asseverando que eu “... não aceitava a derrota e estava ofendendo a presidente da
República”. Minha resposta para ele é apresentada a seguir.
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Prezado
senhor,
Algum dia, pessoas como o senhor aprenderão o significado da
"irresponsabilidade da polêmica" ou da "polêmica
da irresponsabilidade". Esta jamais deveria ser desencadeada por
qualquer pessoa com elevada responsabilidade pública. Ou então, alternativamente,
existe a possibilidade de o senhor jamais perceber, assimilar e aprender isso.
Eu não tenho culpa se dois tesoureiros do partido que está no
Poder estejam no cárcere pagando pelos crimes que cometeram ao atuar para a
vitória em eleições.
Eu não tenho culpa se um ex-Chefe da Casa Civil de sua
agremiação — já condenado anteriormente e devidamente encarcerado — tenho sido
recolhido ao cárcere novamente por crimes contra a sociedade brasileira.
Eu não tenho culpa se um dos maiores empresários do Brasil
esteja no cárcere por ter participado da corrupção no âmbito da agremiação
política que o senhor defende.
Eu não tenho culpa se um dos fundadores do seu Partido (o
respeitadíssimo intelectual Hélio Bicudo) esteja entrando pela segunda vez com
proposta de impeachment da pessoa que o senhor defende.
Eu não tenho culpa se o TSE propôs processo por
irregularidades na reeleição da pessoa a quem o senhor admira.
Eu não tenho culpa se o TCU apresentou à sociedade
brasileira as 14 irregularidades cometidas para a reeleição de quem o senhor
admira.
E por último e fundamentalmente importante, eu não tenho
culpa se a senhora Dilma Roussef insiste em não ser presidente de todos os
brasileiros e resolve agredir, ofender e difamar indistintamente a todos que se
lhe opõem — oposição rigorosamente lícita na democracia —, cunhando a frase
"moralistas sem moral".
Eu nem sugiro que o senhor leia "Apologia de
Sócrates", de Platão, "Retórica", de Aristóteles, "Os Sete
Chefes do Império Soviético", de Dmitri Volkognov e/ou
"Antologia", de Rui Barbosa, porque provavelmente vale, para pessoas
como o senhor, a opção alternativa, isto é, a absoluta impossibilidade de
perceber, assimilar e aprender o que acontece. Lembro que ver, analisar, interpretar, inferir e concluir sobre o universo é faculdade restrita a uns poucos. Que pena que os senhor não possa identificar aí a origem do vocábulo Universidade!
O senhor jamais vai perceber que eu não sou perdedor. Passei
metade de minha vida profissional trabalhando na construção civil para que
pessoas humildes tivessem o conforto de um lar. Passei cerca de um quarto de
minha vida profissional no magistério, tentando passar para outros —
especialmente das camadas mais modestas — um pouco do conhecimento que me foi
propiciado por pessoas honestas, éticas e justas. Passei a parte final de minha
vida profissional em pesquisa & desenvolvimento, visando à redução da
dependência que o País infelizmente continua tendo em relação às potências
dominantes.
Em realidade, sou um vencedor. Não tenho lado. Ressalvadas
as imperfeições humanas a que sou sujeito, estou onde se encontre a decência, a
ética e a justiça. Estou ao lado do humanismo do poeta de John Donne, que há
mais de 300 anos indagava "por quem os sinos dobram?" (Hemingway
herdou a frase!). O próprio Donne respondeu: "Eles dobram por você, por cada um de nós,
cada vez que alguém parte!".
Lamento que o senhor jamais vai perceber, assimilar e
aprender o que estou tentando lhe transmitir. A propósito, o senhor conseguiu
ler até aqui?
Atenciosamente,
<Identifico-me>
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