terça-feira, 29 de novembro de 2016

Reconstrução da Chapecoense

[Mensagem divulgada no Fórum de Leitores do Estadão de 30/11/2016]
Em relação à terrível tragédia aérea que vitimou a maioria dos jogadores e dirigentes da Chapecoense, bem como alguns integrantes da mídia esportiva, será que — no, não raro, caótico porém solidário futebol brasileiro —, há lugar para a cessão, mediante empréstimo não remunerado, de um jogador por cada um dos vinte e dois maiores clubes nacionais para aquela agremiação esportiva, com a finalidade de reconstruir sua história de cinderela?
Seria uma magnífica homenagem àqueles que se portaram de forma tão edificante e digna. Seria um extraordinário exemplo para a juventude de todos os quadrantes do globo.

# Enviei esta mensagem para órgãos de mídia, personalidades, intelectuais e políticos. Enviei também para o Flamengo, Corintianas, Palmeiras, São Paulo, Cruzeiro, Atlético, Internacional e Grêmio.  Por inusitada, improvável e mesmo maluca que seja esta ideia, espero apoio. Peço desculpa a todos.

# Em quatro anos, a Chapecoense passou da classe D à classe principal do futebol brasileiro. Neste ano de 2016, o time estava encerrando o campeonato brasileiro em 9o. lugar; e depois de derrotar o San Lorenzo, da Argentina, último campeão da Copa Libertadores da América — e que tinha como torcedor mais ilustre o papa Francisco — iria disputar amanhã, em Medelin, com o Atlético Nacional, da Colômbia, a final da Copa Sul-americana.

sábado, 26 de novembro de 2016

Virtude ou delito?


         Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e Marcelo Calero, ex-ministro da Cultura, são virtuosos ou delituosos? Não importa. Ambos prestaram relevante serviço à democracia brasileira — o primeiro após desencadear o impeachment da presidente Dilma Roussef; e o segundo ao denunciar as pressões de outro ministro do governo Temer, para a aprovação de empreendimento em Salvador em desacordo com as normas atinentes ao patrimônio histórico.  Ambos são pois benignos. Que a Justiça resolva o que lhe diz respeito no que concerne a eventuais crimes que porventura eles possam ter cometido.

Ser, pensar, saber e a verdade

Esta manhã, foi anunciada a morte de Fidel Castro.
Em vida, ele se perguntou se a História o condenaria ou absolveria.
Ele tinha dúvidas, mas não deveria tê-las.
Fez uma revolução sangrenta e matou milhares sem julgamento.
Tentou exportar a revolução, o que resultou num enorme fiasco.
Tornou Cuba não dependente dos Estados Unidos e escravizou-a aos desígnios da União Soviética em troca de esmolas para a sobrevivência.
Sem esse apoio, colocou seu povo em condição de severas privações.
Governou sem mandato durante mais de quatro décadas.
Privou o povo cubano de liberdade.
Obrigou milhares a fugir de seu torrão natal.
Como a totalidade dos ditadores, desconsiderou a verdade e atribuiu a culpa das mazelas de sua administração a ações internacionais.
Transmitiu aos ingênuos, desavisados, sobretudo jovens, a esperança inútil, inócua e equivocada.
Por conveniência, falha de juízo de valor, má fé ou outros motivos, agregou apoio de líderes e de intelectuais.
Por extensão ou empatia, levou muitos a macular a verdade e atribuir-lhe uma importância que a rigor não teve — a tal ponto que ainda hoje assistimos incautos a tecer-lhe loas de forma até irracional.
Passou o governo para seu irmão como se ilha caribenha fosse uma grande fazenda.
Enfim, passou aos arquivos da História que contêm Hitler, Stalin, Pol Tot e outros.
A História não condena ou absolve, apenas registra.
A História não faz discernimento entre decência ou mentira, ética ou sua ausência.

Agora que a morte o levou, não cabe condenar ou absolver, mas à luz dos atributos de ser, pensar e saber, cabe apenas contemplar a verdade.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O estadista e a liturgia de decisão

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão. Ele alegou que foi pressionado pelo ministro da Secretaria de Governo, Gedel Vieira Lima, para obter do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), subordinado ao Ministério da Cultura, a liberação da construção de um prédio de 30 andares em Salvador. O ministro Gedel tinha interesse na aprovação do empreendimento porque era um dos compradores de apartamento da edificação. De acordo com aquele Instituto, o projeto não foi aprovado porque fora concebido com altura expressivamente superior ao gabarito vigente e, por essa razão, causaria impacto negativo ao patrimônio histórico da capital baiana.
A agressão aos bons costumes institucionais perpetrada por Gedel ocasionou crise nas instâncias governamentais de Brasília, com intensas pressões para seu afastamento do governo. Em face da importância do ministro nas articulações políticas do poder executivo, notadamente com o parlamento, o presidente da República, Michel Temer, anunciou que vai mantê-lo no cargo.

É imperioso considerar que, se o ministro Gedel tivesse consciência de suas responsabilidades de cidadão e tivesse estatura, atitude e coragem concernentes com sua elevada posição governamental, pediria demissão. Se o presidente fosse estadista e estivesse comprometido com a liturgia do cargo que ocupa, aceitaria o pedido e, de imediato, exoneraria o corajoso auxiliar; ou, não havendo pedido, tomaria a iniciativa de se livrar de quem não demonstrou aptidão ética para permanecer no ministério.

sábado, 19 de novembro de 2016

Templo da democracia

[Matéria divulgada no Fórum de Leitores do Estadão, de 19/11/2016, versões impressa e eletrônica]
Excelente o editorial “Episódio que exige atenção” (Estadão de hoje, 18 de novembro). Ou queremos democracia ou aturemos atitudes como a inadmissível invasão da Câmara dos Deputados.
Só não devemos esquecer do estranho episódio em que o presidente da mais alta corte, na ocupação constitucional do Senado — mas à luz de provável acordo espúrio —, mutilou a Constituição para beneficiar a mandatária que tantos prejuízos causou à sociedade.
Só não devemos esquecer da ocupação de alto cargo do Parlamento, por quem só não passou à condição de réu, por inépcia daqueles que estão investidos na condição de guardiões dos estatutos legais.
Só não devemos esquecer daqueles que, abrigados na condição de representantes do povo, conspiram dia e noite para criar mecanismos que os livrem dos grilhões da lei.

E não devemos sucumbir a esses esquecimentos para não fomentar outros que desejem conspurcar o templo da democracia — quer dizer,  aquela edificação que, se não existissem tais invasões institucionais, significaria inequivocamente esse sonhado templo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Pacto humano

[Matéria acolhida e divulgada no Fórum de Leitores eletrônico do Estadão]

Não existe um “pacto diabólico” para acabar com o PT. É um pacto humano — cidadão, decente e ético—- para acabar com a corrupção, roubalheira e mentira recorrentes que o PT implantou em nosso país.
Isabel Krause Souto

sábado, 5 de novembro de 2016

Hipotética fuga de Lula

         Em relação à matéria Planalto considera a hipótese de Lula fugir do Brasil (conforme Robson Bonin, revista Veja, 5 de novembro), é improvável que o senhor Luís Lula decida pela inconsequência e pelo desatino de adotar essa atitude, porque afora emblemática falta de coragem, por não assumir as consequências das acusações de crimes sob sua responsabilidade, configuraria antecipada crônica de inequívoca admissão de culpa. É difícil crer em tamanha incoerência por parte do senhor de origem modesta, travestido de líder político. 
          Em todo caso, se essa implausível atitude se tornar realidade que ele, pelo menos, devolva o crucifixo de madeira que, por provável e lamentável engano, foi retirado do palácio presidencial e incluído no meio de suas tralhas. É o mínimo que se espera em relação a um objeto com pequeno valor material mas com grandioso simbolismo cultural e religioso para a sociedade brasileira. As demais cogitações, que fiquem a cargo da Justiça e da História.