domingo, 24 de junho de 2018

Viagem a Londres – TGV, Sussex Garden Rd, Edgware Rd e Oxford Rd


SUMÁRIO
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Apresentação

24 de junho (domingo) – Viagem de TGV; e passeio – Sussex Garden Rd, Edgware Rd e Oxford St.
25 de junho (segunda) – Passeio de ônibus e barco, e Fantasma da Ópera
26 de junho (terça) – Palácio de Buckingham e Museu Britânico
27 de junho (quarta) – Torre de Londres, City e catedral de Saint Paul
28 de junho (quinta) – Abadia de Westminster, Parlamento Sq, Whitehall e National Gallery
29 de junho (sexta) – TGV Londres-Paris e viagem aérea Paris-São Paulo
30 de junho (sábado) – Viagem aérea Paris-São Paulo e São Paulo Brasília


Apresentação


Da mesma forma que no relato da viagem a Paris, inicialmente são apresentados a data e os títulos dos eventos principais que nós vivenciamos em Londres, na continuidade da viagem que fizemos com nossas queridas filhas Cecília, Laura e Alessandra, com o objetivo primacial de celebrar os 15 anos que elas estão completando. Em seguida, seguiu-se esta apresentação e seguem-se os relatos dos 7 dias passados em Londres.

24 de junho (domingo) – Viagem de trem TGV e passeio na Sussex Garden Rd, Edgware Rd e Oxford St 
A epopeia francesa chegou ao fim. A última jornada na Cidade Luz começou com o café da manhã no hotel Lepic, que ficará em nossas lembranças, mas especialmente nas mentes das meninas. Fomos de táxi para a Gare du Nord para embarcar no TGV (Train de Grand Vitesse – Trem de Grande Velocidade – ou Trem-Bala) para Londres.
As  filas estavam imensas e havia uma certa confusão para identificar o local de acesso dos passageiros do nosso horário. O melhor foi ficar perto de onde havia funcionários orientando o checkin, a passagem pelo túnel de inspeção de bagagem e a verificação de passaportes. Prevaleceu a técnica ancestral: sorrir e declarar "Good morning! Please, may you help me?". Deu para perceber que esperaríamos um bom tempo. Até que chegou um momento crucial. Teríamos que evacuar o andar onde estávamos. Havia a suspeita em relação a uma bagagem abandonada. O procedimento padrão é afastar os passageiros para outro andar e aguardar a polícia especializada. Ficamos sabendo que, em realidade, há muitos abandonos de bagagem; há esquecidos para todos os gostos. Porém, com a frequência de atentados terroristas dos novos tempos, nunca se sabe se aquela mala ou aquele pacote é apenas mais um esquecimento ou tentativa de ação de alguma mente insana. 
Depois de mais de duas horas de espera, até certo ponto angustiante, houve a liberação para o recomeço do embarque. Enfim, vimo-nos viajando a quase trezentos quilômetros por hora na belíssima paisagem francesa, que medeia Paris e Coquelles. Impressiona sobretudo a organização e a uniformidade da ocupação do solo que margeia a ferrovia, com a indicação de intensa produção agrícola. Vimos muitas pequenas cidades francesas, com arquitetura e implantação urbana exemplares. Tentei identificar alguma casa incompleta, sem reboco, sem pintura ou com deficiência no telhado. Fui alternando entre a surpresa e a admiração: as cidadezinhas francesas são bem construídas, sem partes inacabadas e belíssimas.
E assim, chegamos à região administrativa de Pas-de-Calais onde se inicia o eurotúnel, sob o canal da Mancha, no chamado estreito de Dover, o percurso mais estreito do canal (50 Km de extensão). O eurotúnel liga Coquelles, perto da cidade de Calais, na França, a Folkstone, perto de Dover, no Reino Unido. Calais está situada a oeste de Dunquerque (cerca de 45 km de distância) e a nordeste da Normandia (cerca de 200 km, tendo como referência o ponto médio da Alta Normandia).
Nesse momento, a memória desembestou, turbilhonou. Neste ano assistimos ao filme Churchill, que mostra o processo decisório do governo britânico para entrar na Segunda Guerra Mundial, em que a França e a Inglaterra estiveram na cratera do vulcão; e que, de certa forma, é um período emblemático e edificante das lutas pela verdade, liberdade, coragem, ética e, por via de consequência, da democracia — a recorrência desta frase em meus textos, nesta conjuntura, em que prevalece a tentativa de alterar os rumos políticos e sociais do Brasil, incomoda mas dignifica e enobrece. Assistimos também ao filme Dunquerque, onde mais de 300.000 soldados do Exército do Reino Unido, fazendo o percurso Calais a Dover, foram salvos de serem massacrados pelos nazistas, provavelmente, na mais dramática operação de retirada da história da guerra, em todos os tempos. Além disso, as meninas estudaram recentemente as duas grandes guerras do século passado. Então, enquanto almoçávamos sanduíche com vinho branco e aproximávamos do eurotúnel, conversamos sobre a invasão da Normandia, a Operação Overlord, ocorrida no dia 6 de junho de 1944, imortalizada no filme O Mais Longo dos Dias (The Longest Day) e que pretendo assistir com elas brevemente. Recordamos as praias em que ocorreram a Operação Netuno (codinome apenas do desembarque anfíbio): Juno, Gold, Sword, Omaha e Utah -- cerca de 160.000 pessoas, 1.200 aviões e mais de 5.000 embarcações participaram das atividades navais, aéreas e terrestres ao longo daquele dia. A invasão foi iniciada com uma aterragem de assalto aéreo de 24.000 britânicos, americanos, canadenses e tropas livres francesas, aí incluídos os eternos heróis paraquedistas. No aniversário de 50 anos do Dia D, eu estava em Paris e as celebrações foram arrepiantes: as ruas da cidade, normalmente coloridas pelas flores nas edificações foram abarrotadas de mais flores e bandeiras; a música e a alegria humanizaram a beleza; o ambiente da Cidade Luz iluminou-se de forma inexcedível; e a História como que reverberava em cada esquina, em cada trajeto e sobretudo em cada face de criança ou adulto. Quando voltei para o Brasil, soube que naquela celebração, foi realizado um salto de paraquedas épico pelos veteranos de guerra, no mesmo local em que eles tinham saltado 50 anos atrás. Inicialmente, não acreditei em um fato que depois constatei ser verdadeiro: o ex-presidente Bush, pai, com mais de 70 anos, saltou com os veteranos — juízo de valor é desnecessário; basta refletir!
Por oportuno, convém esclarecer que a França está dividida em 26 regiões administrativas, mutatismutandis, equivalentes aos estados brasileiros (sendo 21 continentais, uma marítima e 4 ultramarinas, entre as quais se inclui a Guiana Francesa, que fica aqui tão perto do Amapá e tão longe de nós). Calais e Dunquerque ficam na região administrativa de Nord Pas-de-Calais e as praias da invasão da França na Segunda Guerra Mundial ficam na região  administrativa da Alta-Normandia que é adjacente à quase homônima Baixa-Normandia.
Depois de 2 horas e meia, tínhamos percorrido os 342 quilômetros que separam Paris de Londres, no percurso do trem de alta velocidade. Sem considerar o incidente da ameaça de bomba, o tempo total gasto na viagem foi 4 horas e 50 minutos, sendo 30min de deslocamento do hotel Lepic para a Gare du Nord, 40min na Alfândega em Paris, 2h 30min de viagem, 30min na Alfândega de Londres, 40min de deslocamento da estação de St Pancras para o hotel Aspen. 
Há uma estatística curiosa, para a viagem Paris-Londres: 
        – de carro, a viagem é feita em 5 horas e 40 minutos; 
        – de bicicleta, em 20 horas; e 
        – a pé, em 57 horas. 
        – de avião, o tempo total despendido seria 5 horas e meia — com as seguintes períodos: 40min de transferência do centro de Paris para o aeroporto, 1h de antecedência para o checkin, 1h 30min na Alfândega, 40min de viagem, 40min para aguardar e retirar a bagagem e 40min de transferência para o destino em Londres.
Com um atraso de um pouco mais de duas horas, chegamos à estação St Pancras International, em Londres, por volta de 17:00 horas. A estação muito bonita e uma tarde de verão londrino agradável nos proporcionaram as boas-vindas. St Pancras International é contígua à estação do metrô londrino King's Cross St Pancras. Após um estudo de situação, verificamos que a Circle Line, linha amarela do metrô que parte de St Pancras, chega em Paddington, região e respectiva estação, bem próximo do hotel Aspen, que tínhamos contratado em janeiro, portanto com 6 meses de antecedência. A região de Paddington é adjacente ao lado norte do Hyde Park, o que lhe confere uma boa localização na metrópole londrina. Ato contínuo, cada um puxando sua própria mala, tomamos o confortável trem do metrô, estreando — à semelhança de Paris — o meio de transporte essencial para quem não se dispõe a ampliar de forma não razoável as despesas, utilizando táxi.
Saímos da estação de Paddington do lado oposto ao desejado. Como a rodinha da mala deste idoso, a mais pesada com 25 kg, quebrou em algum ponto da viagem, tomamos um táxi para ir para o hotel. Em menos de 6 minutos, demos a volta desnecessária em substituição aos 400 metros que era a distância da outra saída para o hotel. 
A localização e os aspectos internos e externos do hotel são muito bons. Em realidade, como essa região tem dezenas de hotéis contíguos, a concorrência contribui para a elevação da qualidade. A escolha desse hotel se deveu a minha passagem por Londres em 2009, para visitar a maior exposição de material bélico britânica. Fiquei em um hotel próximo, entrei neste e apanhei o folheto que motivou sua escolha passados 9 anos. Valeu a pena!
Depois da desarrumação das malas, do descanso e do banho, saímos para primeira caminhada londrina. Percorremos a Sussex Gardens Road, onde confirmamos a existência de uma grande quantidade de hotéis, a começar do nosso. Depois de uns cinco quarteirões, viramos à direita, na Edgware Road, com a predominância de comércio e trânsito de gente islâmica, o que não foi exatamente do agrado das meninas, pelo aspecto das pessoas, especialmente, das mulheres, usando o hijabe só mostrando a face e as mãos; bem como da frequência de pessoas fumando narguilé nos bares e restaurantes. Ingressamos na Oxford Street e passamos pelo Marble Arch. Nessa rua, famosa pelo comércio e por ser contígua ao Hyde Park e próxima ao Green Park, aquela sensação de insegurança da região com grande presença islâmica, ... digamos, evanesceu. O Hyde Park abriga o Kensington Palace, atual residência do príncipe Harry, herdeiro do trono britânico; que foi residência do príncipe Charles e princesa Diana, antes de se separarem; e onde em 1837 a princesa Victoria de Kent foi acordada às 5 horas da manhã com a notícia de que seu tio William IV tinha falecido e ela era agora rainha — marcando o início de seu reinado de 63 anos e 216 dias; e o Green Park abriga o Buckingham Palace, residência oficial da rainha Elizabeth II, que em 2017, superou o tempo de reinado de sua tataravó Victoria.
Navegáramos quase em excesso e aí numa das transversais da Oxford St vislumbramos o restaurante Ask Italian, que oferecia o que já se tornara imprescindível: repouso e alimento. A comida italiana foi uma boa escolha para a primeira noite em solo londrino; algumas escolhas subsequentes de restaurante foram condicionadas por esse primeiro acerto. 
Ao consultar o mapa percebemos que tínhamos caminhado muito, mas o encanto do mundo de Sua Majestade compensava o esforço. Falo pelas meninas, mas também por mim e Isabel. O retorno de táxi foi inevitável. A boa surpresa resultou da conversa com o motorista Sayed, paquistanês. No mês passado, ele estivera no Brasil visitando amigos. Ao identificar brasileiros, ele demonstrou enorme alegria e manifestou inequívoco entusiasmo por nosso maltratado País.
Chegando ao apartamento, ao perceber que precisava de água, desci e na rua perpendicular à Sussex Garden, encontrei vários restaurantes e cafés a 3 minutos de onde estávamos. Havia até mesmo o "Desejos do Brasil", especializado em carnes. Parece que a crise tupiniquim tinha chegado a Londres — foi decepcionante descobrir nos dias seguintes que apesar da placa, suas atividades estavam encerradas.

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