segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A essência da democracia

Será que o intelectual Luiz Sérgio Henriques — autor de Lava Jato, partidos e democracia, Estadão de 15 de novembro, e que não hesita em empregar a expressão odiosa “direita” —, se sente envergonhado de explicitar melhor os crimes dos esquerdistas expostos de forma extraordinária pelas operações sintetizadas pela expressão Lava Jato? Se a resposta for afirmativa, seguramente, ele se envergonharia similarmente dos crimes da virtuosa “esquerda” contra os 700.000 menores de idade ucranianos, cometidos pelo esquerdismo  comunista-stalinista, na primeira metade do século passado.
Por que perco meu tempo em fazer essas observações? O Brasil é um país enorme, com uma população compatível com sua geografia e recursos naturais, entretanto está patinando — no sentido institucional, político, jurídico, intelectual, econômico e educacional — durante seus cinco séculos de existência. E por que patina? Vamos distinguir entre a aparência e a essência. Vamos tentar nos subjugar à realidade e à verdade: falta-nos intelectuais, falta-nos estadistas, pois se não faltasse, não haveria, à esquerda e à direita, tanto descaso com procedimentos e atitudes isentos da mentira e corrupção.  Na ausência daqueles, ficamos à deriva, não raro, reproduzindo o que se formulou alhures. Temos até sítio eletrônico que cuida de sábio italiano.
Sou estimulado a me desapegar do humanismo que tanto me agrada, assimilado em minhas origens, na roça, quando recebi de meu pai a informação de que, aos seis anos, teria que sair de casa; de que precisaria chorar, mas não haveria ninguém próximo para me consolar; de que teria que evoluir e aprender quase sozinho a decência e a preocupação com meus contemporâneos. Sou instado a esquecer esse humanismo, lembrando que o pratiquei, em minha vida profissional, cuidando do conforto do ser humano, na construção civil, em metade dela; cuidando de transmitir meu parco conhecimento para alunos em salas de aula, em um quarto dela; e lidando com pesquisa & desenvolvimento para tentar contribuir para a redução de nossa dependência escravizante do exterior, no quarto final. E assim sou levado a constatar que no Brasil faltam traumas — aqueles que elevaram a Grécia, Roma, França, Alemanha, Inglaterra, Rússia, China e Estados Unidos aos patamares globais, propiciadores uma vida melhor para seus cidadãos.
Refletindo sobre tudo isso, constranjo-me em pensar que na democracia que praticamos,  cuja metáfora inequívoca é a Operação Lava Jato, levaremos séculos para atingir um patamar de decência e dignidade nas esferas pública e particular — ou passaremos à decadência antes de atingi-lo. Constranjo-me de pensar que a solução só pode ser encontrada na violência depuradora que elimina os maus, os marginais e aqueles que desprezam a ética e a decência.

Se não houvesse indigência de intelectuais e estadistas, eu não precisaria me indignar e me submeter ao risco de descrer de valores e paradigmas que engrandecem. E poderia me orgulhar mais de meu País e do que, como cidadão comum, anônimo e mediano, considero correto para qualquer agrupamento humano: a justiça, a generosidade e a igualdade de oportunidades, conquistadas prevalentemente em ambiente de fraternidade; em suma, a essência da democracia. Tudo isso em um contexto onde impere a certeza de punição desmotivadora dos candidatos a bandidos ou da neutralização dos insensíveis como aqueles identificados pelos policiais, procuradores e juízes da Lava Jato.

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