sábado, 24 de setembro de 2016

Sonhar para vencer a utopia


      [Mensagem acolhida pelo jornal O Estado de São Paulo e divulgada em seu Fórum de Leitores, versão eletrônica, de 27/09/2016]

O editorial A Lava Jato fica e a tigrada passa (Estadão, de hoje, 24 de setembro) menciona “a alegria e orgulho dos brasileiros honestos”, no bojo de excelsa avaliação da marcha saneadora desencadeada pelos organismos democráticos contra a corrupção oficial. E encerra com otimismo pela possível permanência do processo para livrar o aparelho estatal de suas enfermidades institucionais. É oportuno solidarizar com as ideias contidas naquele texto.
No livro Trópicos utópicos, mercê de uma minimalista e cirúrgica análise do pensamento ocidental e mundial, Eduardo Giannetti cogita de uma civilização brasileira baseada “na biodiversidade da nossa geografia e a na sociodiversidade da nossa história”. Ele conquistou o mérito de pensar o Brasil, mas tudo indica que optou por ignorar o varejo atual: o que líderes da maioria dos partidos políticos estão aprontando nos recônditos do metabolismo sócio-político e econômico ancorado em Brasília. Não há diversidade. O padrão comportamental é similar, em uma parcela expressiva da extrema esquerda à extrema direita — se é que podemos caracterizar dessa forma esses canalhas da falsa representação popular nos poderes da República.
Há esperança? Claro! Assim, para começar, os bandidos, os corruptos e os desonestos de quaisquer longitude e latitude devem ser perseguidos pela justiça, pelo sistema democrático, e pelos que prezam a decência, a moral e a ética — enfim, por todo o aparato do Estado, com a finalidade precípua de proteger os cidadãos que conformam a sociedade e a Nação brasileiras.
Essa atitude e aspiração têm fundamento não apenas nos enormes prejuízos causados ao País, mas também no fato de que os políticos corruptos não se importam nem mesmo com a desmoralização de suas próprias famílias. De forma inequívoca, constata-se que eles envolvem despudoradamente esposas, filhos e filhas no mar de lama em que não hesitam em chafurdar. Não há limite para a ação criminosa desses líderes.
Nesse sentido, avante Polícia Federal, Ministério Público da União, Receita Federal  e Justiça Federal. E sejam implacáveis com a corja que dominou as altas esferas governamentais da República; sejam implacáveis com todos que zombam, desrespeitam, desmoralizam o bom senso, a lógica, a razão, a justiça e a emoção das pessoas de boa fé.

Do êxito da ação institucional em curso, poderá prevalecer — em oposição ao histórico e duradouro varejo — a diversidade histórica que o sr. Giannetti está propondo como fundamento de rumos próprios para o Brasil. Imagino que a visão que seu talento explicita não é apenas uma brincadeira utópica de uma mente grandiosa: é um sonho a perseguir, durante todo o tempo, em todos os lugares e por todos os cidadãos; com coragem, pertinácia e comprometimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário