[Mensagem
divulgada no Fórum de Leitores eletrônico do Estadão em 7/1/2017]
A
revolta, a indignação e a pena manifestada por autoridades, intelectuais,
políticos e outros cidadãos, no atinente aos massacres de detentos em Manaus e
Boa Vista são exageros que se distanciam da razão e da lógica. Não se constata
a mesma atitude com cerca de 280 assassinatos e mortes no trânsito, ocorridos
diariamente no Brasil — enfatize-se: diariamente.
É
imperioso asseverar que, com aritmética de comprar banana na feira, constata-se
que 60.000 assassinatos e 45.000 mortes no trânsito, por ano, correspondem a
mais de 280 mortes por dia.
Nesse
sentido, 105.000 cidadãos perecidos equivalem a 233 participações do País em
conflagração similar à Segunda Guerra Mundial — basta lembrar que 25.000
soldados brasileiros combaterem na Itália na década de 1940 e cerca de 450 sacrificaram
a vida no campo de batalha.
Ademais,
se quisermos comparar com a Contrarrevolução de 1964 e supondo que cerca de 550
pessoas pereceram na contenda (considerando-se os dois lados adversários), é
fácil inferir que as perdas anuais por assassinato e no trânsito equivalem a
cerca de 190 conflitos similares.
Por
último e igualmente chocante, em menos de 5 anos, em assassinatos e acidentes
de trânsito, o Brasil perde mais cidadãos do que a Síria, na famigerada e
fraticida guerra em andamento naquele país.
Não
há fundamentação lógica para o comportamento de avestruz, explicitado nas
primeiras linhas desta mensagem — à guisa de ênfase, abraço o desatino de
afirmar que se coloca a mente no esgoto submerso, sendo que o esgoto
encontra-se também inexcedivelmente a céu aberto, e não raro esquecido.
Com
certeza, precisamos de uma transformação em nosso país, na política, na
justiça, na segurança, nos transportes, na educação e na saúde — com prioridade
para as favelas. Que lutemos por isso, em pensamento e ação! Em qualquer tempo,
em qualquer lugar! De dia e de noite, no lar, no trabalho, no lazer, na igreja,
na escola, na mídia, no parlamento e nos tribunais! Porém, sem hipocrisia!
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