Na quarta-feira passada, tive a
oportunidade de assistir ao filme Hannah Arendt, lançado nos
Estados Unidos em 2013, e que mostra aspectos fundamentais da vida da pensadora
que dá nome à película. Curiosamente, ela evitava se considerar filósofa;
preferia ser vista como uma analista política. No filme, há uma certa ênfase
para sua ida para Telaviv, com o objetivo de acompanhar, como jornalista e
correspondente da revista New Yorker,
o julgamento de Adolf Eichmann, nazista que após a Segunda Guerra Mundial se
refugiou em Buenos Aires; foi descoberto pelo serviço secreto israelense
Mossad; foi sequestrado na capital argentina; e foi levado a julgamento em
Israel.
Por conta da vivência no processo
judicial no Oriente Médio, a senhora Arendt transformou uma série de cinco
artigos em um novo livro, onde defendeu a tese da banalização do mal. Em
realidade, há indicações de que ela não concordou integralmente com o resultado
do julgamento do Eichmann. Para ela, esse cidadão foi condenado num julgamento
em que estiveram em tela as barbaridades do nazismo e, nesse sentido, ele
teria sido enforcado por crimes que não cometera. É uma tese controversa e a
sociedade nova-iorquina, muitos intelectuais e mesmos amigos se posicionaram
contra a escritora.
Esses comentários são motivados
menos pelo filme e mais por um artigo do jornalista Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal El Pais, no qual, coincidentemente, aponta as
motivações intelectuais da pensadora Hannah Arendt sobre a senhora Marina
Silva, candidata à Presidência da República pela coligação PSB-Rede
Sustentabilidade. A esse respeito, foi acolhida no sítio eletrônico daquele
jornal espanhol a mensagem (curta, porque para ser aceito o texto deve ter menos de 3000 caracteres) que é apresentada a seguir.
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O Sr. Juan Arias escreveu
um brilhante artigo alusivo à inspiração que a Sra. Marina Silva obtém no
ideário da Sra. Hannah Arendt (Hannah Arendt, la musa ideológica de Marina Silva,
em El Pais, de 1/9/2014). Porém, para os brasileiros é lamentável
que assim seja.
Por
suas dimensões geográfica, populacional econômica, entre outras, o
Brasil merecia ter intelectuais que indicassem o rumo da Nação. Merecia também
ter estadistas que seguissem os rumos indicados pelos primeiros. Não tem nem
intelectuais, nem estadistas.
Então, fica plenamente
justificado todas as assertivas do Sr. Juan Arias. A rigor, o que se vê é o
engrandecimento de uma política amadora que busca fora de suas fronteiras o
ideário que não encontra em seu próprio País e que possivelmente será eleita e
continuará contribuindo para que o Brasil siga os rumos atuais, isto é, para
que siga sem rumo, crescendo menos do que a grande maioria dos países
latino-americanos e menos do que todos os países integrantes do BRICS; para que
siga com severas deficiências em saúde, educação, moradia e segurança; e para
que siga como um dos mais corruptos países do sistema terrestre.
Com imensa
tristeza, parabenizo o Sr. Arias.
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