A leitura da matéria 12
olhares sobre os protestos do dia 15 (Estadão, de 17/3/2015) — na qual cientistas e outros intelectuais opinam sobre o impacto das
manifestações ocorridas no dia 15 de março de 2015 — estimula
a reflexão e a percepção de que, para ir de mal a pior, o Brasil precisa
melhorar muito.
O conjunto de cidadãos,
políticos e intelectuais tupiniquins oferece uma desalentadora perspectiva de
evolução social, institucional e política.
No atinente aos cidadãos, não há
melhor análise do que aquela formulada por João Ubaldo Ribeiro na crônica Precisa-se
de matéria prima para construir um País. É uma radiografia social
antológica das mazelas que envolvem as atitudes e procedimentos do homem e
mulher brasileiros. Poder-se-ia indicar a essência da avaliação do cronista com
o diagnóstico de que a “brasilinidade
autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento
como Nação, ...”.
Com políticos que ignoram a
ética em suas ações e constroem estruturas de mentira, corrupção e roubalheira
de dimensões estratosféricas como as do Mensalão e do Petrolão, a esperança
evanesce.
Com intelectuais que, em suas
análises — entre as omissões injustificáveis — ignoram as contribuições dos
estímulos sorvidos por líderes brasileiros na Alemanha nazista, na antiga União
Soviética e em Cuba comunistas e na Venezuela ‘estupidista’ (neologismo para
caracterizar a estupidez em estado puro), a esperança voa celeremente para bem
longe.
Atenção! Misturei sistemas opostos
pelas semelhanças que ambos encerram. Para os esquecidos, anestesiados, esclerosados
ou de má fé, relembro: o sistema nazista torturou e matou mais de 600.000
menores de idade na Alemanha na década de 1940; e o comunismo torturou e matou
mais de 700.000 menores de idade na Ucrânia nas décadas e 1930 e 1940 (em ambos
os casos, 10% do total de cada país). E, por favor, esquecidos et al, os citados líderes tupiniquins
não vão a Cuba oscular as barbas e os joelhos do líder comunista apenas porque
gostam do aroma daquele ditador, mas porque se identificam com a visão e a forma
de ação que o caracterizam.
Estou dramatizando para
expressar algo de extrema simplicidade: cada cidadão brasileiro merece um
conjunto de conterrâneos de melhor qualidade; merece políticos com melhor
estatura ética; e merece intelectuais com melhor capacidade para gerar ideias,
que possam ser orientadoras dos políticos e dos demais cidadãos.
Enfim, parodiando João Ubaldo
Ribeiro, posso dizer que ao olhar para o espelho dou de cara com o cidadão mal
comportado que ora responsabilizo, e o que é pior — desalentado, desacorçoado e
inserido na desesperança, especialmente, porque tenho os políticos e
intelectuais que mereço. Reagir é preciso!
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