quarta-feira, 18 de março de 2015

Cidadãos, políticos e intelectuais

A leitura da matéria 12 olhares sobre os protestos do dia 15 (Estadão, de 17/3/2015) — na qual cientistas e outros intelectuais opinam sobre o impacto das manifestações ocorridas no dia 15 de março de 2015 — estimula a reflexão e a percepção de que, para ir de mal a pior, o Brasil precisa melhorar muito.
O conjunto de cidadãos, políticos e intelectuais tupiniquins oferece uma desalentadora perspectiva de evolução social, institucional e política.
No atinente aos cidadãos, não há melhor análise do que aquela formulada por João Ubaldo Ribeiro na crônica Precisa-se de matéria prima para construir um País. É uma radiografia social antológica das mazelas que envolvem as atitudes e procedimentos do homem e mulher brasileiros. Poder-se-ia indicar a essência da avaliação do cronista com o diagnóstico de que a “brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, ...”.
Com políticos que ignoram a ética em suas ações e constroem estruturas de mentira, corrupção e roubalheira de dimensões estratosféricas como as do Mensalão e do Petrolão, a esperança evanesce.
Com intelectuais que, em suas análises — entre as omissões injustificáveis — ignoram as contribuições dos estímulos sorvidos por líderes brasileiros na Alemanha nazista, na antiga União Soviética e em Cuba comunistas e na Venezuela ‘estupidista’ (neologismo para caracterizar a estupidez em estado puro), a esperança voa celeremente para bem longe.
Atenção! Misturei sistemas opostos pelas semelhanças que ambos encerram. Para os esquecidos, anestesiados, esclerosados ou de má fé, relembro: o sistema nazista torturou e matou mais de 600.000 menores de idade na Alemanha na década de 1940; e o comunismo torturou e matou mais de 700.000 menores de idade na Ucrânia nas décadas e 1930 e 1940 (em ambos os casos, 10% do total de cada país). E, por favor, esquecidos et al, os citados líderes tupiniquins não vão a Cuba oscular as barbas e os joelhos do líder comunista apenas porque gostam do aroma daquele ditador, mas porque se identificam com a visão e a forma de ação que o caracterizam.
Estou dramatizando para expressar algo de extrema simplicidade: cada cidadão brasileiro merece um conjunto de conterrâneos de melhor qualidade; merece políticos com melhor estatura ética; e merece intelectuais com melhor capacidade para gerar ideias, que possam ser orientadoras dos políticos e dos demais cidadãos.

Enfim, parodiando João Ubaldo Ribeiro, posso dizer que ao olhar para o espelho dou de cara com o cidadão mal comportado que ora responsabilizo, e o que é pior — desalentado, desacorçoado e inserido na desesperança, especialmente, porque tenho os políticos e intelectuais que mereço. Reagir é preciso!

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