Em relação à matéria “Multidão e
políticos dão adeus a Marisa” (Estadão, de 5 de fevereiro), há ponderações que
não podem ser ignoradas. A morte da senhora Marisa Letícia, esposa do
ex-presidente Lula da Silva, provoca reflexão e lembra o poeta britânico John
Donne que, de forma emblemática — e em tradução livre e descompromissada —,
afirmara que “quando alguém morre, um pouco de cada um vai junto, ... e assim
os sinos dobram por todos”. De qualquer sorte, de um lado, há o lamento
resultante do trauma essencial da existência, do deixar de ser ou do não ser;
de outro, há o alívio das consequências da natural degeneração que é imposta aos
seres humanos. Então, a generosidade oferece o sentimento que deve prevalecer neste
momento e que pode ser interpretado por comiseração, piedade e conformismo.
Os abraços solidários de notáveis
autoridades ao enlutado ex-presidente traz a lembrança de que a senhora que se
foi nem sempre pôde representar o Brasil, especialmente em ocasiões formais no
exterior; e diante das evidências de que o mundo que a cercou em vida foi
permeado de dúvidas quanto à lisura da gestão de bens públicos, conforme
atestam os procedimentos judiciais que atribuíram ao ex-presidente a condição
de réu. Então, o realismo pode traduzir a essência das imagens divulgadas e que
podem ser associadas com hipocrisia e desonestidade.
Que
a vitimização midiática não crie condições para que se atribua inocência ao
senhor Lula da Silva, que tantos males causou a tantos brasileiros durante um
exíguo tempo histórico; e, por via de consequência, pavimente o seu retorno à
(des)governança do Brasil.
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