sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Satisfação, coincidência e estranheza

O Colégio Alvacir organizou mais uma solenidade escolar com o objetivo de desenvolver o espírito cívico bem como homenagear os alunos melhores classificados em prova simulada preparatória para ingresso no 6o. ano de escolas consideradas referência em Brasília.
Uma de minhas filhas se classificou entre os dez primeiros alunos na prova simulada e foi homenageada. Ela se preparou cuidadosamente, maquiando-se e penteando-se com esmero. Sua alegria era evidente desde o alvorecer. Ainda bem que compareci ao evento. Ela ficaria muito decepcionada se o pai ou a mãe não estivesse presente.
As outras duas filhas não lograram êxito em atingir ou ultrapassar os 140 pontos requeridos em Matemática e Português. Elas demonstravam uma ponta de tristeza. Evidentemente, que as outras qualidades e as outras características da conformação física e comportamental permitem-lhes superar o desconforto. Elas são bonitas e dinâmicas; desfrutam de saúde satisfatória; são generosas com as irmãs, com os pais e com os amigos — atributo evidenciado especialmente quando qualquer deles enfrenta algum problema sério —; e mostram potencial em outras atividades do dia a dia. Enfim, considerando-se a média de seus atributos, elas propiciam uma enorme satisfação ao pai e à mãe, o que reforça a necessidade de pertinaz esforço para estimular-lhes a autoestima e a permanente busca de satisfação.
Afinal, como lembrou a psicopedagoga Janine — com quem, recentemente, a família estabeleceu construtiva interação —, de acordo com a UNESCO, aprender comporta quatro vertentes essenciais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver com os outros e aprender a ser. Então, se o conjunto das faculdades decorrentes do aprendizado for equilibrado, mesmo não havendo destaque em alguma área específica, cada ser humano, cada uma de nossas filhas tem boas possibilidades de viver com satisfação; e também gerando satisfação de quem as rodeia — algo acessório, mas que tem enorme impacto no essencial da vida de cada uma.
Após o término da solenidade, dei uma olhada nos resultados da prova simulada que estavam expostos no quadro de aviso do grande hall de entrada da escola. Minha atenção foi despertada por alguns dados incomuns. As três alunas que se classificaram em primeiro lugar pertencem às turmas A, B e C, respectivamente. Ademais, todas tiraram 93 em Matemática e 73 em Português, ou seja, as três tiraram rigorosamente as mesmas notas. Do ponto de vista estatístico e probabilístico, esse resultado contraria a lógica e o bom senso. É uma curiosidade improvável.
Restava-me retornar para casa. Ao deixar o colégio, cruzei com um casal cumprimentando-se. Ele afirmou:
   Como você está linda!
Ela respondeu:
— Não! Eu era muito maltratada quando estava casada com você!
Mesmo diante da resposta incomum, ele tratou-a com fleuma e a convidou para se encontrar com o filho que possivelmente deveria estar no interior da escola.
Em face da reflexão concernente à solenidade, experimentei grande satisfação e reforcei sobretudo a consciência da responsabilidade de estimular a satisfação das queridas Alessandra, Cecília e Laura, cada uma com suas peculiaridades e diversidades. É imperioso ser pai no sentido mais amplo que se possa imaginar, conseguindo praticar procedimentos de que resultem estímulos e motivações eficazes.
Ocorreu ainda a constatação de uma coincidência surpreendente no resultado da prova simulada e que talvez merecesse investigação. Sou levado a pensar nas ocasiões em que apresentei à direção pedagógica e à própria direção geral da escola fatos que requereriam intervenção corretiva, sem qualquer consequência explícita advinda dos pleitos. Minha insatisfação com a escola tem aumentado e fatos pequenos acabam assumindo uma dimensão maior do que significam.
Por último, me deparei com o estranho diálogo do casal que se separou e mantém interação para benefício do filho, mas pelo menos uma das partes não deixa passar oportunidade para expressar a falta de consideração que, de forma diversa, talvez poderia ter evitado a ruptura.

Enfim, foi um início de manhã pleno de satisfação, e com a constatação de uma coincidência surpreendente e de um diálogo curioso e estranho. Vale a pena anotar em meu caderno os fatos e refletir continuadamente sobre os ensinamentos decorrentes — interpretar, aprender e praticar é preciso!

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