quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Polêmica da irresponsabilidade - II

A divulgação no Fórum de Leitores do jornal Estadão da mensagem com o título “Biografia corrida” — que se encontra neste blog com a data de 14/Out/2015 — gerou uma mensagem pessoal do cidadão P. F. M. contestando-me e asseverando que eu “... não aceitava a derrota e estava ofendendo a presidente da República”. Minha resposta para ele é apresentada a seguir.
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Prezado senhor,
Algum dia, pessoas como o senhor aprenderão o significado da "irresponsabilidade da polêmica" ou da "polêmica da irresponsabilidade". Esta jamais deveria ser desencadeada por qualquer pessoa com elevada responsabilidade pública. Ou então, alternativamente, existe a possibilidade de o senhor jamais perceber, assimilar e aprender isso.
Eu não tenho culpa se dois tesoureiros do partido que está no Poder estejam no cárcere pagando pelos crimes que cometeram ao atuar para a vitória em eleições.
Eu não tenho culpa se um ex-Chefe da Casa Civil de sua agremiação — já condenado anteriormente e devidamente encarcerado — tenho sido recolhido ao cárcere novamente por crimes contra a sociedade brasileira.
Eu não tenho culpa se um dos maiores empresários do Brasil esteja no cárcere por ter participado da corrupção no âmbito da agremiação política que o senhor defende.
Eu não tenho culpa se um dos fundadores do seu Partido (o respeitadíssimo intelectual Hélio Bicudo) esteja entrando pela segunda vez com proposta de impeachment da pessoa que o senhor defende.
Eu não tenho culpa se o TSE propôs processo por irregularidades na reeleição da pessoa a quem o senhor admira.
Eu não tenho culpa se o TCU apresentou à sociedade brasileira as 14 irregularidades cometidas para a reeleição de quem o senhor admira.
E por último e fundamentalmente importante, eu não tenho culpa se a senhora Dilma Roussef insiste em não ser presidente de todos os brasileiros e resolve agredir, ofender e difamar indistintamente a todos que se lhe opõem — oposição rigorosamente lícita na democracia —, cunhando a frase "moralistas sem moral". 
Eu nem sugiro que o senhor leia "Apologia de Sócrates", de Platão, "Retórica", de Aristóteles, "Os Sete Chefes do Império Soviético", de Dmitri Volkognov e/ou "Antologia", de Rui Barbosa, porque provavelmente vale, para pessoas como o senhor, a opção alternativa, isto é, a absoluta impossibilidade de perceber, assimilar e aprender o que acontece. Lembro que ver, analisar, interpretar, inferir e concluir sobre o universo é faculdade restrita a uns poucos. Que pena que os senhor não possa identificar aí a origem do vocábulo Universidade! 
O senhor jamais vai perceber que eu não sou perdedor. Passei metade de minha vida profissional trabalhando na construção civil para que pessoas humildes tivessem o conforto de um lar. Passei cerca de um quarto de minha vida profissional no magistério, tentando passar para outros — especialmente das camadas mais modestas — um pouco do conhecimento que me foi propiciado por pessoas honestas, éticas e justas. Passei a parte final de minha vida profissional em pesquisa & desenvolvimento, visando à redução da dependência que o País infelizmente continua tendo em relação às potências dominantes.
Em realidade, sou um vencedor. Não tenho lado. Ressalvadas as imperfeições humanas a que sou sujeito, estou onde se encontre a decência, a ética e a justiça. Estou ao lado do humanismo do poeta de John Donne, que há mais de 300 anos indagava "por quem os sinos dobram?" (Hemingway herdou a frase!). O próprio Donne respondeu: "Eles dobram por você, por cada um de nós, cada vez que alguém parte!".
Lamento que o senhor jamais vai perceber, assimilar e aprender o que estou tentando lhe transmitir. A propósito, o senhor conseguiu ler até aqui?
Atenciosamente,

<Identifico-me>

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