No artigo “Um
teórico da política e da democracia”, (Estadão, de 9 de maio), o Sr. José
Antonio Segatto faz uma brilhante apologia do pensamento do filósofo Antonio
Gramsci. Sintetizando o texto em sua inferência final, o autor assevera que “a
História parece ter-lhe dado razão quando, em 1927 – em carta a Tatiana
Schucht, expondo as intenções ainda preliminares do que seriam
os Cadernos – anteviu que precisava fazer algo ‘für ewig’ (para
sempre).”
Seria razoável —
evitando-se uma caracterização associada com integridade intelectual — que o
articulista lembrasse que a obra de Gramsci pode ser considerada uma metáfora da
reação às monstruosidades resultantes da aplicação das teorias de Karl Marx,
com as dezenas de milhões de torturados e assassinados pelo socialismo real na
então União Soviética.
Seria oportuno
que ele lembrasse também que o petismo e o bolivarianismo, tão identificados
com as ideias estatuídas no Foro de São Paulo, podem ser considerados aplicação
das teorias de Gramsci em países da maltratada América setentrional.
Para não ser
exaustivo, basta lembrar que sem a chaga do bolivarianismo — e com as riquezas
naturais, população pequena e território médio —, em curto prazo, a Venezuela,
poderia atingir o nível do Chile; e em médio prazo, poderia chegar ao patamar
da Espanha. De forma similar, pelo menos na esfera educacional, política e
econômica, sem as mazelas do petismo, num prazo razoável, o povo brasileiro
poderia evoluir e colocar-se no nível de povos de países desenvolvidos médios.
Enfim, há a
conveniência de que essas lembranças sejam completadas pela assertiva de que as
consequências dos desmandos praticados no Brasil, na Venezuela e em outros
países da região, consciente ou inconscientemente sob a inspiração do
gramscismo, não são ‘für ewig’, mas são duradouras e de difícil reparação. É
possível inferir pois, que só há uma solução para o triunfo da utopia: a
eliminação da realidade. Ademais, é certo que uma realidade melhor pode ser
alcançada abandonando-se a utopia.
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