quinta-feira, 11 de maio de 2017

Gramscismo – utopia e realidade


[Mensagem divulgada no Fórum de Leitores eletrônico do Estadão de 11/5/2017]

No artigo “Um teórico da política e da democracia”, (Estadão, de 9 de maio), o Sr. José Antonio Segatto faz uma brilhante apologia do pensamento do filósofo Antonio Gramsci. Sintetizando o texto em sua inferência final, o autor assevera que “a História parece ter-lhe dado razão quando, em 1927 – em carta a Tatiana Schucht, expondo as intenções ainda preliminares do que seriam os Cadernos – anteviu que precisava fazer algo ‘für ewig’ (para sempre).”
Seria razoável — evitando-se uma caracterização associada com integridade intelectual — que o articulista lembrasse que a obra de Gramsci pode ser considerada uma metáfora da reação às monstruosidades resultantes da aplicação das teorias de Karl Marx, com as dezenas de milhões de torturados e assassinados pelo socialismo real na então União Soviética.
Seria oportuno que ele lembrasse também que o petismo e o bolivarianismo, tão identificados com as ideias estatuídas no Foro de São Paulo, podem ser considerados aplicação das teorias de Gramsci em países da maltratada América setentrional.
Para não ser exaustivo, basta lembrar que sem a chaga do bolivarianismo — e com as riquezas naturais, população pequena e território médio —, em curto prazo, a Venezuela, poderia atingir o nível do Chile; e em médio prazo, poderia chegar ao patamar da Espanha. De forma similar, pelo menos na esfera educacional, política e econômica, sem as mazelas do petismo, num prazo razoável, o povo brasileiro poderia evoluir e colocar-se no nível de povos de países desenvolvidos médios.

Enfim, há a conveniência de que essas lembranças sejam completadas pela assertiva de que as consequências dos desmandos praticados no Brasil, na Venezuela e em outros países da região, consciente ou inconscientemente sob a inspiração do gramscismo, não são ‘für ewig’, mas são duradouras e de difícil reparação. É possível inferir pois, que só há uma solução para o triunfo da utopia: a eliminação da realidade. Ademais, é certo que uma realidade melhor pode ser alcançada abandonando-se a utopia.

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