Ora,
o debate é desejável e salutar, para a formação de uma consciência coletiva e
para que as melhores soluções sejam adotadas em nosso maltratado país. Então,
acresço alguns dados para que sirvam à reflexão, sem deixar de lado aspectos
com inequívoca relevância.
No
Brasil — cujas leis sobre a aquisição e porte de armas são muito mais
restritivas do que nos Estados Unidos — há mais de 50.000 assassinatos por ano
com arma de fogo, o que significa mais de 136 assassinatos por dia. Pasmem, é
como se, diariamente, tivéssemos mais de duas tragédias similares à americana.
É
razoável inferir que o combate a essa tragédia brasileira, não se restringe
simplesmente à histeria com o controle e restrições, associados com a
comercialização, o porte e o manejo de armas. Podemos agregar pelo menos os
seguintes setores demandantes de medidas saneadoras: segurança pública,
educação, saúde, habitação e disparidades sociais, amparadas no guarda-chuva da
justiça e da práxis política.
A
perda de vidas humanas não comporta ilusões, nem desapego à verdade e a
idealismos estéreis. O encaminhamento da solução não pode visar a um aspecto
pontual. A rigor, está vinculado à evolução da organização da sociedade e do
Estado, em todos os seus aspectos fundamentais.
É
imperioso ultrapassar a Grécia descrita por Platão em ‘Apologia de Sócrates’,
bem como a Dinamarca apresentada por Shakespeare em ‘Hamlet’ — é imperioso
harmonizar a sociedade e o Estado com a justiça e a práxis política. Enfim, é
essencial empreender a reforma dos sistemas judiciais e políticos.
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