sábado, 20 de junho de 2015

A punição de Neymar e os parafusos trocados

[Matéria acolhida pelo jornal O Estado de São Paulo e divulgada no Fórum de Leitores de seu portal eletrônico, em 23/Jun/2015]

Analisando-se os eventos do jogo Brasil e Colômbia, na Copa América, no Chile — e considerando jogos que o antecederam —, é certo inferir que o Neymar estava em estado de completo desequilíbrio emocional e que o problema requereria diagnóstico médico. É razoável também asseverar que faltam lideranças na seleção brasileira, capazes de fazê-lo voltar ao prumo e, nesse caso, o assunto migraria da medicina para a gestão esportiva.
No que concerne às consequências dos atos do atleta nos dois jogos do certame, constata-se que retirar o excesso de espuma em volta da bola, tocar a bola com a mão — de duvidosa forma voluntária ou involuntária — e dirigir-se com incivilidade ao juiz da partida transgridem, ofendem e maculam o estatuto vigente.

Até aí, tudo bem! Agora, quebrar a coluna do atleta (o que ocorreu no jogo com a mesma Colômbia, na Copa do Mundo, em 2014), pisar-lhe a mão e elevar o pé até a altura de seu rosto — um átimo de segundo antes do duvidoso gesto que lhe ocasionou penalidade —, independentemente de ser ação voluntária ou involuntária, não transgridem o estatuto vigente e, portanto, ficam impunes? Pode até ser! Porém, ofendem o bom senso, a lógica, a razão e a inteligência. Aristóteles formularia exemplar silogismo e inferiria: então, os parafusos estão trocados.

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