domingo, 9 de abril de 2017

Ataque na Síria I


A imagem de um pai portando nos braços os filhos gêmeos de nove meses, mortos por causa do lançamento de gás venenoso, provavelmente desencadeado pelo governo sírio de Bashar Al Assad, surpreendeu e horrorizou o mundo.
Em menos de 48 horas, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ordenou um ataque de retaliação contra o território sírio. Foram lançados mais de 50 mísseis Tomahawk de alto poder destrutivo.
Dessa forma, Trump lançou um recado multifacetado para o mundo.
A mensagem seguramente atinge a União Europeia — o PSDB das confederações de países —, e sugere que os europeus não devem permanecer indefinidamente no muro. A Rússia de Vladimir Putin, aliada dos sírios — e que ao lado da China vetou a tentativa do Conselho de Segurança da ONU de expedir uma resolução condenando de forma veemente a atitude criminosa — recebeu um eloquente aviso para exercer seu poder e influência de forma adequada e ponderada. Curiosamente, Xi Jiping, chefe de Estado chinês, está nos Estados Unidos para conferenciar com o presidente americano, e em consequência terá a agenda comercial, estratégica e política impactada pelo ataque americano — as condições de debate se alteraram significativamente. A  Coreia do Norte e o Irã, que têm projetos nucleares que contrariam as normas internacionais, receberam um alerta sobre o atual modus operandi ianque. Os aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, notadamente a Turquia, Arábia Saudita e Israel, receberam efusivos indícios de que seus interesses poderão ser suportados de forma decisiva pelos americanos.
No âmbito interno, os eleitores de Trump seguramente estão se regozijando pela iniciativa de seu presidente. Os eleitores contrários a Trump entraram em estado de dúvida. Os defensores dos direitos humanos estão zonzos e em dificuldade de se posicionar. Os industriais do setor de defesa estão sorrindo diante da perspectiva de ampliação de seus negócios.

Mas não seria necessário combinar com os russos? E como o jogo internacional é simultâneo, não seria conveniente combinar com os demais atores? Em suma, cabe enfatizar: Trump demonstrou ser qualificado ou irresponsável, visionário ou oportunista, estadista ou canalha? “E agora José”, que consequências advirão do empreendimento americano? Dado que só “a mudança é permanente”, como será o mundo em 5 ou 10 anos? Quem viver verá!

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