domingo, 9 de abril de 2017

Ataque na Síria II


Em relação ao texto “Ataque na Síria I”, o meu amigo Otto me enviou um artigo de seu filho André Luiz, que faz mestrado em Luxemburgo, com uma interessante análise das raízes da resposta americana à ignominiosa ação síria com gás venenoso que causou a morte de quase uma centena de civis, aí incluídas várias crianças. Entre outros aspectos interessantes, o André Luiz aborda falhas americanas, falhas russas e a omissão da ONU. Então, resolvi enviar para o Otto a mensagem apresentada a seguir.

Caro Otto,
Excelente o texto do André Luiz. Ele apresentou uma análise adequada e com a profundidade que o meio WhatsApp permite.
Para afundar mais o assunto — ou se quiser, elevar — pode-se considerar a elaboração de um livro com o título “A superpotência dominante do século XX e suas mazelas”. Poderia ter 12 capítulos, entre os quais, à guisa de sugestão, cito alguns:
- O cientista espião soviético no Projeto Manhattan;
- O cientista que se tornou pai do projeto espacial da China;
- A administração do presidente George W. Bush;
- A administração do presidente Barack Obama;
- A eleição e a administração do presidente Donald Trump.
Essa última sugestão seria o décimo primeiro capítulo e serviria para não fugir do assunto motivador.
O tema do livro é mostrar como, mesmo com o enorme poder político, econômico, tecnológico e militar, o país que está na vanguarda não se livra de tropeços, como podem parecer os episódios americanos envolvendo o Trump. Convém ressalvar que Ronald Reagan era considerado, por alguns, trapalhão e desqualificado e tornou-se um dos grandes presidentes americanos — basta citar seu trabalho conjunto com Margaret Thatcher e João Paulo II para o desmoronamento do império soviético.
O capítulo do Projeto Manhattan é para esclarecer como, durante a Segunda Guerra Mundial, numa atividade com o grau de importância e sigilo do desenvolvimento da arma atômica, não se conseguiu enxergar um cientista espião soviético, trabalhando no coração do empreendimento e que entregou o projeto da bomba lançada em Nagasaki para a URSS — e posteriormente também para o chineses.
Em relação a um chinês que fez mestrado e doutorado nos Estados Unidos, na década de 1930, o objetivo é avaliar como uma cobra criada no quintal americano, tornou-se o pai do projeto espacial e de mísseis intercontinentais chineses que estão apontados para os Estados Unidos. Vale lembrar que esse chinês propôs o pioneiro Laboratório de Jato Propulsão ianque; em 1945, foi comissionado coronel do Exército americano para entrevistar os cientistas nazistas; foi preso por estar passando as informações para seu país de origem; e no final da guerra da Coreia, voltou para a China, em uma troca de prisioneiros de guerra.
Alegando a implantação da democracia em países do Oriente Médio — claro, e outras alegações justificadoras — a administração Bush conseguiu enfiar o país e o mundo num enorme atoleiro cujas consequências estamos tratando delas em uma rede social de amigos no Brasil. Mereceria não apenas um capítulo, mas até mesmo um livro exclusivo.
A administração Obama alardeou como grande vitória de política externa, a distensão com Cuba. Para começo de conversa, a ilha enquanto país — e considerando economia, território e população — é equivalente ao estado do Paraná. Qual é o papel mundial do valoroso estado paranaense? Os problemas globais de política externa foram ignorados pelo presidente Obama. Houve omissão da superpotência na Ucrânia, na Crimeia e no Oriente Médio, notadamente, na própria Síria.
Por último e naturalmente o foco do estudo, a eleição e a administração Trump. Sua eleição seria o resultado de administrações insatisfatórias anteriores? Seria uma consequência da evolução tecnológica, voltada para as comunicações? Seria resultante da insuficiência de lideranças — uma característica global da atualidade? Suas primeiras decisões satisfazem o que se requer de um mandatário do país? Que perspectivas ele deixará para a posteridade?

Enfim, aqui estão parcelas de aspectos a serem tratados no texto. Evidentemente, o último capítulo deveria apresentar um conjunto de cenários resultantes do que foi exposto e analisado. Hipóteses sobre o futuro seriam ser delineadas. Certamente, as previsões não se confirmarão da forma como foram formuladas. A realidade seria diferente, mas provavelmente, situar-se-ia no interior do limite dos cenários extremos.
Fraternamente,
ARS

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