Com inexcedível sapiência, o Dr. Rui Barbosa asseverou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantaram-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”Essa assertiva é emblemática e tão atual quanto a luz que nos ilumina, mas pode ser enfocada com controvérsia.
Os senhores Joesley e Wesley Batista formalizaram um acordo de colaboração premiada que os livrou de julgamento e possível condenação pela acusação da prática de corrupção e outros crimes cometidos em parceria com altas autoridades da República. A homologação do acordo chocou a opinião pública e aumentou o desânimo e a descrença na evolução do País para os patamares de igualdade de oportunidade, decência e justiça desejados.
Em face das questões suscitadas pelas tratativas e decisões envolvendo os irmãos Batista, os senhores ministros da colenda Suprema Corte brasileira decidiram pela imutabilidade dos acordos resultantes da colaboração premiada, desde que atendidas as premissas de legalidade, regularidade e voluntariedade. Vale dizer: se o acordo da impunidade é legal, regular e voluntário (sic), a impunidade prevalece.
É imperioso que os brasileiros — malgradas as imperfeições a que são submetidos pela condição humana — reajam, animem-se pela força do ideal, pela incansável busca da virtude, pela irrecusável crença na honra e na honestidade; e se entristeçam e se envergonhem apenas das autoridades que permitem aos acusados fugir do império da lei, da moral e da ética. E os criminosos, eles sim, desanimem-se, riam-se e envergonhem-se, pois tais como manetas cerebrais, jamais conhecerão a virtude e a coragem de Jesus e Sócrates, que recusaram qualquer acordo que lhes deslustrassem; e por via de consequência, tornaram-se os maiores líderes espiritual e filosófico da Humanidade, respectivamente.
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