quinta-feira, 1 de junho de 2017

É isto a justiça?

No editorial “É isto a justiça?” (Estadão de hoje, 1º de junho), há algumas citações do Juiz Sérgio Moro, que acabam por associá-lo de forma sutil e implícita, mas inequívoca, ao mal explicado episódio da liberação dos irmãos Batista, acusados de graves crimes contra a sociedade. 
A qualificação intelectual e moral do Dr. Moro, complementada por integrantes igualmente capazes, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Receita Federal e da Justiça Federal, contribuiu inexcedivelmente para destapar os subterrâneos da corrupção brasileira sistêmica, endêmica e criminosa — enfatizo: crime contra centenas de milhares de crianças e idosos, não alcançados por saúde, educação, segurança e moradia, já que os recursos estimados em cerca 200 bilhões de reais anuais foram desviados para os ralos da corrupção por políticos, empresários e outros atores.
Os serviços prestados à Nação pelo Dr. Moro e seus parceiros podem ser considerados a arquitetura de um dos mais importantes pontos de inflexão da história brasileira. Os erros das equipes de Curitiba são insignificantes, irrelevantes, se avaliados do prisma da bilionária relação benefício versus custo. Justificar as condenações apenas com as delações premiadas é ledo engano. As provas materiais, os documentos, os valores recuperados, o naufrágio da Petrobras não contam? 
Ora, o que motiva o Estadão — o mais confiável jornal de nosso País — a prestar-se à subliminar condenação de quem está virando o País de cabeça para cima? Expresso minha surpresa e incompreensão. Os políticos que fizeram dezenas de tentativas de neutralizar o combate à corrupção não merecem qualquer tipo de solidariedade. 
Ademais, à afirmação conclusiva do editorial de que “a agenda nacional, ..., foi definitivamente contaminada [grifo meu] pelo pressuposto de que o Brasil só será salvo se a classe política for desbaratada. Isso não costuma dar boa coisa”, eu contraponho que a agenda nacional só conduzirá a democracia brasileira para a vitória se as quadrilhas de políticos forem definitivamente desbaratadas. Ou então isso não resultará em boa coisa.

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