"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado". Homenagem a Oscar Barbosa Souto, antigo lavrador. In Memoriam. |
O
editorial “O assassínio da vereadora” (Estadão de hoje, 17 de março) apresenta
um excelente síntese de aspectos relevantes no nefasto crime. O aproveitamento
político do evento é destacado com ênfase no texto. Inicialmente, cumpre
destacar que toda morte é lamentável e representa uma perda para cada ser
humano que habita a Terra. Mas entre os mortos não há hierarquia. Atribuir
relevância apenas a esse crime é disfunção das sociedades com indigência
organizacional.
É
imperioso chamar a atenção para a inferência de que os personagens apontados no
texto estão em segmentos da mídia, dos artistas, dos intelectuais e dos
políticos de esquerda. Eles tem agregado aos ensinamentos para o sucesso
político — formulados por Quintus Tullius Cicero, a seu irmão Marcus Tullius
Cicero (em Commentariolum Petitionis)
e de Nicolau Machiavel (em O Príncipe)
— o disfarce, a mentira, a distorção dos fatos históricos e a invenção de
outros, como mecanismo de atuação para a conquista ou a permanência no poder.
Então, a condução dos negócios públicos, que dependem da comunicação (expressos
pela mídia e por artistas), dos valores básicos (sintetizados por intelectuais) e
da gestão (sob a responsabilidade dos políticos), são intoxicados e maculados
pelo oportunistas, em prejuízo da sociedade e da Nação.
É
também relevante ponderar que, de acordo com informações coletadas nas redes
sociais, a falecida senhora teria praticado malfeitos. Ficou evidenciado que muitas inverdades foram divulgadas — o que é tão lamentável quanto o próprio atentado que tirou-lhe a vida. É certo que ela destilou sua ira contra opositores políticos e policiais, contrariando-os em demasia. Deixe-se
de lado questões como interações afetivas, por serem assuntos
pessoais e destituídos de interesse público.
No
atinente às características do crime, os investigadores não podem deixar de
lado nenhuma hipótese possível para a autoria, quais sejam: (i) policiais civis
ou militares, que se consideravam ofendidos ou agredidos; (ii) milícias que
atuam nas comunidades cariocas; (iii) facção rival daquela que é
correligionária da vereadora. Por implausibilidade, ficam de fora do universo
de hipóteses, qualquer grupo criminoso não incluído nesse espectro; bem como o
assassinato por integrantes da esquerda ou da direita do espectro político,
para em seguida transferir a culpa para os oponentes.
Se
de um lado, os aproveitadores de plantão utilizam despudoradamente o cadáver de
Marielle para potencializar suas práxis políticas, de outro, o aparato de
segurança recentemente implantado no Rio de Janeiro tem uma oportunidade
inexcedível para, desvendando oportunamente o crime, desmascarar aqueles que
agridem a liberdade, a verdade e a ética, sustentáculos da democracia, para a
concretização de seus intentos, sejam eles legítimos ou espúrios.
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