As análises da senhora Eliane Catanhêde primam pela argúcia e pela elegância. Dá gosto ler o que ela escreve; é uma pena não poder ler o que ela não escreve. Em sua narrativa “Sem favorito(s)” (Estadão A6, de 8 de maio), sua verve apenas confirma essa constatação óbvia mas edificante, dado que as hipóteses são colocadas com o conhecimento de quem é do meio e conhece os meandros do palco onde encena a realidade. Porém ela vai adiante: permite inferir sobre a forma como uma expressiva parcela de políticos, intelectuais, especialistas em pesquisa de opinião e articulistas das mídias estão tratando a eleição o próximo presidente da República.
Quanto à assertiva “Bolsonaro bateu no teto”, cabe a indagação: bateu no teto de que ou de quem? Em quaisquer das acepções, o povo brasileiro não tem teto, quer dizer, parcela expressiva não tem teto e o candidato não está batendo no teto de ninguém. Os corações, as mentes e o cérebro dos brasileiros não estão no teto — para desespero de poucos, e gáudio da maioria. Os formadores de opinião não querem saber das razões, nem da simplicidade da trajetória parabólica do capitão (ramo direito, é claro).
De forma precisa e concisa, simples e objetiva: ele não mente; não fala só o que os outros querem ouvir; ignora os que querem conchavos à moda brasileira — à moda brasileira nada, à moda do PSDB, PT e PMDB et caterva; não corrompe e não se deixa corromper; não promete o que não pode fazer; contraria aqueles que, para se beneficiar, usam os negros, os gays e a forma não razoável de tratar a mulher; e denuncia o absurdo da impunidade descabida dos sistemas responsáveis pela justiça e segurança do Brasil. Então, claramente, ele não bateu no teto, apenas chegou no ponto da trajetória onde os brasileiros sonham em chegar e depois ultrapassar.
Quando a ilustre articulista esclarece sua aposta de hoje para o segundo turno, ela indica dois dentre os candidatos, um cearense e o outro paulista, que darão continuidade ao que o pessoal que está descansando em Curitiba fez e aprontou. Embora mantenha a observação sobre sua elegância, questiono senhora Catanhêde está sua reconhecida argúcia. Querer e formar opiniões, admitindo que tudo continuará como dantes no quartel de abrantes é coisa de ‘lulandertal’, ‘dilmandertal’, ‘temerandertal’ et al. Ela se corrige questionando “Amanhã? Ninguém sabe”.
Conquanto não deva nem possa sugerir nada para alguém da estatura da senhora Catanhêde, então que eu sugira para o Brasil. É preciso mudar para transformar; é imperioso brandir a verdade e a liberdade, sustentáculos da democracia; é imprescindível, a igualdade de oportunidades e o respeito por todos, não importando a opção posicional no momento da apneia a dois, o tipo de absorção da luz pela epiderme; a contribuição exógena ou endógena para preservação da espécie. É também inquestionável que os descuidos com a gestão e com o emprego dos recursos públicos sejam combatidos, identificados e os responsáveis tenham o Juiz que merecem — seja ele Moro, Bretas ou Valisney.
Fico imaginando encontrar a senhora Catanhêde no supermercado no dia 10 de outubro. Creio que ela faz o que todos fazemos — vai às compras, quando necessário, atua de pé, sentada ou deitada e o que mais relevante for. Ela vai estar com o cabelo de quem não tem pesadelo, apneia e qualquer outro distúrbio dos humanos comuns; e nem terá precisado pentear o cabelo de manhã. Mas um de nós vai estar querendo fugir do outro. Se, na eleição presidencial, der pessoa do naipe similar àquelas do universo de Curitiba, a previsão dela terá correspondido à narrativa deste 8 de maio e, nesse caso, cabe-me, inquestionavelmente, esconder e fugir, sei lá pra onde. Se der o que os brasileiros querem, precisam e sonham — e até agora só existe uma possibilidade — isto é, alguém capaz de concretizar a mudança requerida, não restará à senhora Catanhêde senão esconder-se, correr e fugir. O resultado terá sido para o bem de todos. Brasil acima de Tudo!
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