Ontem, num programa da Globo News, o senhor Demétrio Magnolli asseverou que “o ‘outsider’ de hoje, Bolsonaro, é incapaz de vencer em uma reta final. Então, ele é o adversário ideal para todos os outros candidatos. Quem foi para o segundo turno com Bolsonaro será presidente do Brasil”.
Hoje, em no artigo ‘O nome do candidato de Lula’, no Corrreio Braziliense, o senhor Magnoli afirma que “o ‘outsider’ de hoje (Bolsonaro) é um extremista sombrio, incapaz de triunfar na reta de chegada.”
Deixemos de lado a primeira constatação, na Globo News. Fiquemos com a indigência subsequente, a questão sombria, definindo seu significado.
Acho-me sombrio; sombrio, eu sou. Olho-me no espelho e vejo o rosto resultante da origem nordestina, fertilizado que fui com nutriente de mandacaru. Então, sou tentado a atribuir minha característica sombria a outrem. Não o faço. Envergonho-me, constranjo-me. Minha integridade não permite. A minha vontade dá e passa. Comigo sim, não, sim; com o senhor Magnoli, não, sim, não, respectivamente. Ordenar as proposições de forma adequada retira a satisfação de pensar.
Sombria pode ser a sociedade brasileira caso se deixe influenciar por formadores de opinião que preferem analisar a eleição presidencial brasileira vindoura à luz do pseudo candidato que está enjaulado na planície fria do sul do país por liderá-lo (sic) na maior roubalheira que se tem notícia desde os tempos bíblicos. No citado artigo, mais da metade do espaço é ocupado por asserções atinentes aos pacientes que foram convidados a refletir no cárcere de Curitiba.
Sombrios são os cidadãos tupiniquins que podem se submeter às formulações intelectuais de quem está com o retrovisor embaçado e dirigido para a retaguarda (até porque quem adota o retrovisor como metáfora da possibilidade de pensar não tem alternativa) e envolvido na cegueira que impede a visualização do planalto que se descortina na vanguarda, impactado pelas evoluções decorrentes das revoluções científico-tecnológicas.
Sombrios são os telespectadores e leitores que assistem e lêem a tentativa incoerente, ineficaz e destituída de lógica, razão e ética de emplacar alguém para se contrapor ao candidato que percebeu com maior argúcia as demandas maiores da população. Por oportuno, duas indagações triviais impõem-se. Não é veraz o balão de ensaio de fazer de político do nordeste, terra de magníficos e bravos, um herdeiro que seja capaz de "mudar tudo para deixar tudo como dantes", à semelhança do que ocorrera em “O Leopardo” concebido por quem vem das planuras de Lampedusa, um século e meio atrás? Não seria o caso de dizer-lhe que pelo menos tente um líder à altura do que os valorosos nordestinos merecem?
O senhor Magnoli não é sombrio nessa história. Afinal, ele deve ter a língua e os neurônios submetidos a polimento que os deixaram iluminados, cristalinos e maravilhosos. Platão em suas andanças à procura de jovens — e ele não pode ser condenado por essa virtude —, ao encontrá-los dizia-lhes que Sócrates alertara que para estar na dianteira do universo, para ver, observar, constatar, interpretar e inferir sobre suas essências, é imperioso polir a língua e os neurônios; mas que ficasse bem entendido que apenas uns poucos poderiam fazê-lo. Só os melhores poderiam se submeter ao processo sem correr o risco de danificar as funções orgânicas e prejudicar as faculdades vitais de metabolizar as fontes de energia e potencializar as fontes de ideias. As coisas gregas ora citadas, eu as invento; não são encontradas na literatura; mas invento porque são razoáveis. Será que o senhor Magnoli analisou o risco?
A única vantagem da existência de intelectuais como o senhor Magnoli é a certeza de que assistindo-o e ouvindo-o, o eleitor pode fazer sua opção com garantia e segurança. É só escolher quem ele condena.
“O essencial é invisível aos olhos”, asseverara Antoine de Saint-Exupéry, a quem Pierre Clostermann considerava um traidor — Clostermann nascera no Brasil e, aos 24 anos, tornara-se o maior herói da Força Aérea Francesa de todos os tempos, com 400 missões aéreas de guerra e 33 aeronaves nazistas abatidas. Recordando os ensinamentos de Platão, vê-se que o essencial plenamente visível, sem qualquer infidelidade, é a demanda dos cidadãos, contribuintes e eleitores em busca de harmonia e equilíbrio que lhe foram conspurcados pela quebra de paradigmas essenciais — verdade, liberdade, ética e coragem, como atributos fundamentais da democracia — e que podem ser resgatados com a eleição de Bolsonaro.
Afinal, Bolsonaro sabe que basta dar prioridade total para Educação e Ciência & Tecnologia — as ações nesses dois campos são urgentes e emergenciais, ou seja, se estiver pegando fogo no prédio de uma reunião presidencial, ainda assim, o primeiro assunto será Educação e C&T, o segundo será prosseguir a reunião em outro prédio — para que seu governo ocasione não apenas a mudança e a transformação requeridas, mas a revolução que colocará o povo brasileiro entre os povos com melhor qualidade de vida dentro de 60 anos. Claro, as medidas em Educação e C&T devem ser prioritárias, duráveis, sustentáveis, colimadas e geridas pelos melhores talentos disponíveis e devem, no governo dele, conquistar um ponto de não retorno.
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