Hoje, o cientista australiano David Goodall, de 104 anos, saudável, autor de mais de 30 livros — e expressando a sensação de que a vida não valia mais a pena ser vivida — rodeou-se dos netos e outros familiares, e mediante vontade prévia e espontaneamente manifestada, teve sua vida encerrada por médicos em uma clínica da Suíça.
Ele pediu que a ação médica fosse realizada após almoçar sua refeição favorita e depois de ouvir a 9a. Sinfonia de Beethoven. Assim, foi cumprido seu último desejo: morrer com a dignidade com a qual serviu o ser humano por tanto tempo.
Sua vida exemplar terminou de forma razoável? Por que sua vontade pôde ser concretizada na Suíça e não Austrália? É válido que muitos países proíbam o suicídio em qualquer circunstância? É razoável que alguns países só permitam o suicídio assistido quando a doença é terminal e o sofrimento quase insuportável? É aceitável que pelo menos um país — e somente um — permita o suicídio assistido nas condições de pessoa saudável?
Tudo indica que seu fim inusitado será objeto destas e de outras considerações, contrárias e favoráveis, em todo o mundo nos dias que se seguirão à sua morte.
É possível supor que o compositor alemão compôs a 9a. Sinfonia na irrefreável busca da serenidade requerida para a partida; e que o cientista australiano desejou ouvi-la para resgatar o sentido da vida antes de deixá-la. Permito-me preferir que ouçamos a 9a. Sinfonia com mais frequência, para viver e celebrar a vida, aí incluída a celebração da vida fecunda e generosa dos dois gênios.
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[1] Música Clássica, John Burrows, Jorge Zahar Editor Ltda, Rio de Janeiro, 2006.
[2] 9a. Sinfonia de Beethoven - 4o. Movimento - 10000 vozes
[Clique com o mouse, ouça e acompanhe o coro de 10000 pessoas celebrando a vida!]
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[1] Música Clássica, John Burrows, Jorge Zahar Editor Ltda, Rio de Janeiro, 2006.
[2] 9a. Sinfonia de Beethoven - 4o. Movimento - 10000 vozes
[Clique com o mouse, ouça e acompanhe o coro de 10000 pessoas celebrando a vida!]
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