22 de junho (sexta-feira) – Visitas à catedral de Notre Dame e à capela Sainte-Chapelle
Acordei com muito sono. A barulheira no Le Gisou, o bar do hotel Lepic, onde ocorreu uma festa, durou até três horas da madrugada. Após o café da manhã desci para falar com a gerente do hotel. Queria reclamar e saber se hoje a festa se repetiria. Aí ela informou que 21 de junho é o dia da música. Em toda a França a cantoria vara a noite. Uma senhora que estava a meu lado no balcão da recepção, tinha deixado sua casa para dormir essa noite no hotel porque não suportava o ruído que seus vizinhos faziam em sua vizinhança. Enfim, mais uma sobre essa França imemorial.
Saímos sem muita pressa. As caminhadas dos dias anteriores já estavam fazendo efeito. Hoje, nossa jornada começou com a catedral de Notre Dame — como jamais deixara de ser, simplesmente fantástica. Para observá-la com a acurácia merecida, era preciso passar quase o dia inteiro, mas havíamos imaginado observá-la durante cerca de uma hora. Então, demos a volta na parte externa da nave, observando as diversas capelas, cada uma constituindo-se em maravilhosa obra de arte, ornamentadas pelos vitrais de uma beleza sem jaça. Depois, ingressamos na nave. Isabel e as meninas sentaram-se nos bancos, não sei se para descansar ou para refletir e sorver o que a imaginação é capaz diante do que o ser humano consegue realizar com inspiração divina. Basta a catedral de Notre Dame para justificar uma visita a Paris.
Nossa meta subsequente foi a visita à capela Sainte-Chapelle. A esta falta-lhe a grandiosidade da Notre Dame, mas sobra-lhe simplicidade, elegância e indescritível beleza, encerradas nos maravilhosos vitrais que lhe conferem características singulares e únicas.
Não ficamos muito tempo porque era preciso voltar para o hotel. Propuséramos a assistir ao jogo do Brasil contra a Costa Rica, o segundo das oitavas de finais da Copa do Mundo na Rússia.
O objetivo era chegar ao hotel às 14:00 horas. Pegamos o metrô na estação Cité. Baldeando em Rochechouart, conseguimos ser pontuais e chegar na hora, na estação Blanche, a mais próxima do hotel. Ligamos a TV no anunciado canal TF1 e nada de transmissão de jogo. Pesquisei e cheguei ao canal 21. Era mostrado na tela um casal transmitindo o jogo, sem imagem, isto é, com a imagem dos locutores. De tempo em tempo, quatro comentaristas conversavam e comentavam o que ocorrera. Isabel comprou sanduíches, suco e frutas para o almoço. Como se isso não bastasse, o jogo foi ruim e até os 90 minutos, não saiu gol. Ouvir o jogo no hotel, sem transmissão de TV, sem almoço e sem gol é algo que, para se tornar horrível, precisa melhorar muito. Quando eu desistira de acompanhar o jogo — passados os 90 minutos dos dois tempos normais — o Brasil marcou o primeiro gol. E por mais inacreditável que possa parecer, saiu ainda o segundo gol. Em meus 60 anos de observação e prática de futebol — tendo jogado dos 10 aos 40 anos, como inigualável perna-de-pau, com uma passagem edificante pelo Rochedo Futebol Clube — nada parecido eu vivenciara ou testemunhara.
Terminado o jogo — que eu nem ouvira até o final, já que os gols, fiquei sabendo pelas meninas, ocorreram depois dos 90 minutos regulamentares — fui de metrô, a partir da estação Blanche, até a Gare du Nord para reconhecer o perímetro da ida àquela estação, pois no sábado tomaríamos o TVG para Londres; e também para esclarecer se era possível descer no aeroporto CDG na vinda de Londres para Paris. Enquanto isso, Isabel e as meninas iriam passear a pé em Monmartre.
A Gare du Nord é uma enormidade. Passei quase vinte minutos percorrendo-a — com algumas paradas para observação — vindo da estação La Chapelle. Embora não tenha sido fácil, identifiquei o setor para tomar o TVG. Depois de uma caminhada a pé na região contígua à Gare du Nord, voltei para o hotel, onde Isabel e as meninas já estavam aguardando.
Depois de uma meia hora de descanso, saímos para jantar. A pizzaria e o restaurante que eram preferência delas, pelo reconhecimento feito horas antes, estavam completamente cheios. A alternativa resultante do acaso foi a Pizzaria Focaccio. Excelente escolha. O ambiente estava ótimo, as massas estavam magníficas e o vinho Chianti era dos melhores. Tudo conspirou para que os momentos lá passados fossem maravilhosos.
Além disso, quase na hora da saída da pizzaria, uma das proprietárias perguntou se tínhamos interesse em passear no rio Sena de barco. Pergunta estranha, mas a resposta foi sim; então, ela ofereceu ingresso para o evento. Se fosse no Brasil, logo desconfiaríamos; será que não há uma armadilha nisso e podemos ser assaltados ou algo pior? Enfim, aceitamos e, para nossa surpresa, recebemos um presente de 5 ingressos do BatoBus, que valia cada um 47 euros. Planejamos o passeio para o dia seguinte.
Antes de ir para o hotel, eu e Alessandra demos uma volta e estivemos na praça Des Abesses, um local simples e acolhedor, que elas tinham visitado quando eu fui à Gare du Nord verificar o embarque para Londres.
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SUMÁRIO
Apresentação
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