No artigo “Joaquim”
(Estadão, A6, 22 de abril), a sempre talentosa, elegante e alegre senhora
Eliane Catanhêde afirma que “[ele] disputa com Bolsonaro a imagem de
“não-político”, verdadeira no caso do ex-ministro e falsa no do ex-militar, que
não só faz política há um quarto de século como pôs a ex-mulher e os outros
três filhos na política.”
Vejam com que sutileza
ela o associa à clivagem da realidade e à falsidade — em algum momento, ele se
declarou não parlamentar? A condição de “Não-político”, no caso dele, significa
não realizar o que os políticos fazem na atualidade. Dúvidas há? É só perguntar
em Curitiba. Mas vejam também com que excesso de acuidade, ela usa expressão
ambígua e com um lado falso. O senhor Bolsonaro não pôs seus familiares na
condição de parlamentares. Foram os eleitores que o fizeram, mediante a
convocação assentada em propostas sempre fundadas na correção e nos bons
costumes.
Por integridade e coerência, Nelson Rodrigues, ululando
e contorcendo-se onde se encontra, inferiria que a quase totalidade dos
formadores de opinião valem-se de qualquer assunto — por exemplo, a influência
da propulsão da pulga nos projetos espaciais do senhor Elon Musk — para a
inclusão de alguma asserção negativa sobre o senhor Bolsonaro. É a regra nas
redações, laboratórios de mídia ou em qualquer cabeça provida ou desprovida de
interações neuronais ajustadas. Muitos resolveram que ele e os cidadãos deste
maltratado rincão não podem aspirar à mudança, com o fim da contravenção
rotineira do dia a dia, seja no lar, na rua e alhures; e da criminalidade nas
casas legislativas e nos palácios executivos.
Em face da imperiosa prevalência
da verdade, proponho que a senhora Catanhêde realize uma entrevista com o
candidato incorruptível (ênfase máxima para esse atributo!) e o questione sobre
aspectos a serem comentados em suas crônicas. Só há uma questão preocupante. O
senhor Bolsonaro também é elegante e alegre; e aí reside o perigo. Todos não
sabemos o que isso pode dar. Afinal, é incerto o desfecho de ações que envolvam
uma entusiasmada candidata a avó. É! A maturidade revela surpresas.
Mentes criativas e não
completamente higienizadas! Por favor! O que está em causa é a possibilidade de
a articulista não mais propalar informações negativas sobre o candidato; e a surpreendente
e concreta viabilidade da pirueta: votar nele!
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